domingo, dezembro 05, 2004

 

O Papa e a Imaculada

À falta de outra ocupação, vários teólogos católicos estão reunidos, de 4 a 7 de Dezembro, na Universidade Pontifícia Lateranense no XXI Congresso Mariológico Mariano Internacional, organizado pela Academia Pontifícia Mariana Internacional.

O tema e os termos são bizarros para incréus: «Maria de Nazaré acolhe o Filho de Deus na história», mas a ICAR confiou a orientação destas discussões ao Cardeal Paul Poupard, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, que preside ao Congresso em nome do Papa.

Há nesta maratona teológica dois objectivos, pelo menos, que constituem uma obsessão de JP2:
- Reafirmar a virgindade de Maria (uma mentira muitas vezes repetida...)
- Reabilitar o Papa Pio IX (autor do dogma da virgindade de Maria).

Pio IX, o último papa detentor de poder temporal, mandou fuzilar patriotas garibaldinos, construir os muros do gueto de Roma em 1850 e encorajou os padres a baptizarem em segredo crianças judias retiradas aos pais; condenou a separação da Igreja do Estado, excomungou os que se opuseram ao poder temporal dos papas, os liberais, os maçons, os socialistas e os comunistas. Enfim, foi um santíssimo patife - mesmo para um papa católico.

Pio IX era um anti-semita primário que chamava cães aos judeus e deixou marcas culturais que tiveram o seu epílogo no holocausto perpetrado por nazis e fascistas em que pereceram seis milhões de judeus.

João Paulo II, quiçá sensibilizado com a encíclica Sillabus errorum onde Pio IX afirma que a Igreja é «inconciliável com o progresso e a civilização», cismou na sua reabilitação. Começou por lhe confiar um milagre e fê-lo curar, sem intervenção cirúrgica, uma carmelita que fracturara uma rótula, a troco de duas novenas que a freira lhe dedicou. Depois, em face do prodígio, decidiu beatificá-lo. Já se fala na encomenda doutro milagre para ser canonizado. Mais um santo à altura da ICAR.




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