sexta-feira, maio 20, 2005
Três bispos em «jihad»
Resumindo: estalou o verniz aos senhores bispos, por o Ministério de uma República que eles reconhecem ser laica ter decidido retirar os crucifixos de uma casa que não é deles. Mas já que de boas maneiras e rigor histórico estamos conversados, vamos lá a recapitular o que diz a lei...
- «O ensino público não será confessional» (artigo 43º da Constituição da República de que eu e os senhores bispos somos cidadãos);
- «Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas convicções ou prática religiosa» (artigo 41º da mesma CRP);
- «Ninguém pode (...) ser obrigado a professar uma crença religiosa, a praticar ou a assistir a actos de culto, a receber assistência religiosa ou propaganda em matéria religiosa (...)» (artigo 9º da Lei da Liberdade Religiosa).
Chega, senhores bispos? Se não chega, podemos discutir a questão no plano dos princípios. Eu estou pronto a defender o direito de qualquer católico a que não lhe seja imposto o crescente islâmico, durante a escolaridade que é obrigatória e paga por todos. Do mesmo modo, defendo que o muçulmano não deve ser obrigado a conviver com símbolos de outra religião nesse mesmo espaço. As escolas não são igrejas, nem são propriedade da ICAR. As escolas são para aprender, não são para rezar. Rezem nas vossas igrejas, dêem a catequese a quem o desejar, tenham crucifixos nas igrejas ou nas vossas casas. Os senhores bispos pretendem que a adesão à vossa religião seja livre, ou que resulte da imposição sistemática de símbolos e rituais? Se querem a segunda resposta, a «guerra», caros senhores, não é apenas com os laicistas, é com o regime democrático. Meditai nisso. Portugal não é Timor. E finalmente, se quereis ser referências éticas, deveis abster-vos de palavras belicosas e de mau gosto...
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