terça-feira, maio 16, 2006

 

Hirsi Ali abandona a Holanda,
ou... Hirsi Ali abandonada pela Holanda?

A ateísta militante Ayaan Hirsi Ali demitiu-se do parlamento holandês e nunca terá tido a nacionalidade holandesa. Estes desenvolvimentos surpreendentes aconteceram na sequência da exibição na televisão holandesa, na quinta-feira, de um documentário que evidenciava que Hirsi Ali mentira quanto ao seu nome, idade e país de partida com o objectivo de obter asilo político. A ministra da imigração Rita Verdonk (que curiosamente se prepara para concorrer à liderança do seu partido) decidiu entre sábado e segunda-feira retirar a nacionalidade à sua mediática colega de bancada parlamentar, e acrescentou que a teria deportado se fosse ministra aquando da naturalização dela, em 1997.

Hirsi Ali defende-se das acusações afirmando que desde 2002 que assumiu publicamente que mentira ao entrar na Holanda, em 1992, e que o fez para se esconder da sua família e da sua sociedade de origem.

A agora ex-deputada tornou-se famosa internacionalmente em 2004 como autora do guião do filme «Submissão», por causa do qual o realizador Theo Van Gogh foi assassinado por um fascista islâmico que deixou espetada no seu corpo, com uma navalha, uma carta ameaçando Hirsi Ali.

A vida desta rapariga de origem somali não tem sido propriamente fácil. Mutilada sexualmente na infância, foi educada numa escola wahabita na Arábia Saudita e doutrinada na mais extremista das versões do Islão (no seu livro, conta que quando viu um judeu pela primeira vez ficou espantada ao verificar que era um ser de carne e osso). Fugiu a um casamento forçado (alegadamente) e na Holanda trabalhou como empregada de limpeza e tradutora antes de se tornar colaboradora de um instituto próximo do Partido Trabalhista. Após o 11 de Setembro, radicalizou a sua crítica do islamismo e descobriu que a esquerda holandesa, imobilizada pelo «multiculturalismo», não aceitava a violência dos seus ataques ao Islão. As primeiras ameaças de morte chegaram nesta altura, por ela ter chamado «pedófilo» a Maomé. No ano seguinte, aderiu ao partido conservador holandês (VVD), que agora a abandona, acusando-a de ter «polarizado» o debate sobre o Islão. No dia 27 de Abril deste ano, um tribunal decidiu que tinha que abandonar o seu apartamento até Agosto porque era um alvo do terrorismo e portanto um perigo para os seus vizinhos.

Confesso que não sou um especialista em política holandesa, mas parece-me que Hirsi Ali foi usada e deitada fora pela direita que a acolhera. O facto de ter escolhido ir trabalhar num instituto neoconservador, o American Enterprise Institute, só mostra que continua encurralada. Entre uma esquerda «multiculturalista» que a acusa de estigmatizar os imigrantes, e uma direita anti-imigrantes que lhe dá voz mas que detesta o seu ateísmo militante.




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