segunda-feira, julho 17, 2006

 

O Vaticano e as Caldas da Rainha

O Vaticano está para a religião como as Caldas da Rainha para a cerâmica. No Estado teocrático fabricam-se santos e virgens, nas Caldas fazem-se à mão o que lhes faltou para deixarem de ser.

Nas Caldas presta-se culto à fertilidade, no Vaticano combate-se a natureza com metáforas e exalta-se a castidade.

As operárias trabalham o barro com carinho e volúpia, pintam-no com gosto e exacerbam-lhe as cores. Levam-no ao forno para que o calor o endureça e lhe mantenha a forma.

Os padres esconjuram o falo, cozem a farinha e cortam-na às rodelas como quem reduz a fatias um salpicão, resumindo Deus a finas tiras de perversão castrante.

Nas Caldas os corpos cansados da olaria regressam a casa e ainda levam forças para o sortilégio do amor e o milagre da vida. Criam filhos com prazer enquanto no bairro das sotainas se criam cardeais para negócio e satisfação de clientelas.

No Vaticano rezam-se orações, debita-se a Bíblia, usam-se cilícios e escondem-se os desejos que despontam sob hábitos e batinas.

Nas Caldas da Rainha há um povo que vive, ri, canta, chora e se diverte. No Vaticano há uma cáfila que disfarça sentimentos e esconde a verdade, que ameaça as crianças com o inferno e os adultos com o juízo final.

Na pequena cidade reina a virtude e a felicidade, votam em eleições e escolhem o presidente da Câmara. No Estado do Vaticano há um ditador vitalício que se julga fiel testamentário de Deus e obriga as pessoas a porem-se de joelhos e a andar de rastos.

No Vaticano até os anjos perdem o sexo e, talvez por isso, é o único Estado do mundo onde não há maternidade. Nem o Papa tem sexo, quando muito pias reentrâncias talhadas para abominações recônditas.

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