domingo, outubro 15, 2006

 

Questão de reciprocidade

Na vida como no amor o principal é a reciprocidade. A igualdade e a justiça dependem dela.

A poligamia repugna-se mas resigno-me se a poliandria tiver igual tratamento jurídico. O adultério é um acto de traição mas se a anuência for mútua não o estigmatizarei.

Os deuses são falsos e as religiões fraudes organizadas mas se as mulheres e os homens tiverem direitos iguais tornam-se toleráveis e passam a meras multinacionais para venda e divulgação de orações.

O direito de repúdio de uma mulher só é infame e infamante porque não é permitido à mulher o direito de repudiar o homem.

Sem casamento não há divórcio mas, aceitando a legitimidade de um, tem de se aceitar o direito ao outro.


Se os símbolos religiosos entram nos edifícios públicos o busto da República deve estar presente nas igrejas. Se as paredes das escolas têm crucifixos as capelas devem ter fotos do Presidente da República. Se a imagem da Senhora de Fátima viaja pelas paredes dos hospitais a primeira-dama deve ter a fotografia nas paredes das sacristias.

A toponímia das nossas cidades está pejada de santos e referência religiosas. É altura de as paróquias começarem a denominar-se Afonso Costa, República e Joaquim António de Aguiar.

Um bispo dá nome a largos, Voltaire pode designar as novas igrejas. O Papa entra na toponímia de uma cidade, a Praça de S. Pedro deve passar a chamar-se Garibaldi.

Não é justo que o espaço público fique saturado de santos, beatos, bispos e papas e a ICAR ignore nomes que evocam a liberdade e a cultura, de Machado Santos a Salgueiro Maia, de Voltaire a Raul Rego, de Tomás da Fonseca a Saramago.

A próxima basílica de Fátima devia ser consagrada ao Diário Ateísta - um espaço de liberdade -, em vez da improvável Santíssima Trindade.




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