sábado, janeiro 20, 2007

 

A ICAR e a IVG

O piedoso cónego Tarcísio Alves pegou no Código de Direito Canónico - o Código Penal das almas católicas -, percorreu o menu dos pecados capitais e arremessou aos paroquianos o Cânone 1331: os que votarem Sim, no próximo referendo, «não podem casar, baptizar-se e nem poderão ter um funeral religioso».

Lá está, na mancha impressa, a pena que soturnas criaturas imputaram a quem votasse «Sim» no referendo da República.

Aliás, o direito de voto e a própria democracia já foram considerados pecados mortais por infalíveis Papas que acharam a liberdade uma abominação e excomungaram os livres-pensadores.

Eis, pois, a pena a que automaticamente se expõem os pios eleitores de Castelo de Vide se não seguirem no voto o reverendo cónego.

Hoje deprecia-se a pena porque deixou de ser acompanhada do churrasco do corpo, esse invólucro imundo que compromete o destino da alma. Os réprobos que desobedecerem aos funcionários de Deus já não padecem as torturas a que os antepassados se expunham para purificar a alma. Nem a GNR lhes dá uns safanões no Posto. Nem existe PIDE para os arrecadar na enxovia.

O método expedito de amaldiçoar os créus que votarem «Sim» no dia 11 de Fevereiro, corre o risco de transformar Portugal no país com maior densidade de excomungados e a ICAR, obsoleta e chantagista, torna-se a cloaca da fé, a bolçar inanidades pela boca piedosa dos seus padres.

Por sua vez, João César das Neves, um frasco de água benta revestido a pão ázimo, diz que o aborto vai ser «tão normal como o telemóvel», numa previsão de que ambos os sexos possam praticá-lo. Finalmente, a igualdade entre os sexos que tanto abespinha o espírito misógino dos beatos.

Deus, na sua infinita insignificância, torna-se mero pretexto para esportular os últimos óbolos dos derradeiros créus de uma religião em estado comatoso.




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