segunda-feira, abril 18, 2005

 

A gralha do «Público»

Para mim, ateu e jacobino, todos os cardeais são iguais: piedosos, tementes a Deus e, a partir de certa idade, castos. Sei que são importantes para os católicos e, nesta altura do conclave, decisivos para a escolha do Papa que melhor defenda os interesses da ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana).

Tal como os cardeais, os papas tendem a ser iguais. A Santidade é profissão e estado civil comum a todos. A dilatação da fé é a obsessão que uns ensaiam de forma discreta e outros de forma vigorosa. O proselitismo está na matriz genética da ICAR desde o tempo do Imperador Constantino. As Cruzadas não foram um epifenómeno, foram uma manifestação de fé mal sucedida. A Inquisição não foi erro de percurso, foi o exercício do poder com excesso de fé. A contra-reforma não foi a crueldade de que se fala, foi um exercício pedagógico vigoroso destinado à reconversão dos crentes transviados.

O que eu não esperava ver era o «Público» a partilhar as minhas convicções. No seu número de hoje, apesar das desculpas que amanhã vai apresentar aos leitores, publicou o perfil do Patriarca Policarpo e o do cardeal Saraiva Martins, respectivamente nas página 4 e 5. Só os nomes, os títulos e as fotos são diferentes, tudo o resto é absolutamente igual, efeito provável da clonagem que a Santa Madre Igreja tanto abomina.

Já Luís de Stau Monteiro no seu livro «A Guerra Santa» considerava os generais todos iguais, a ponto de os soldados confundirem o general inimigo com o próprio, de tal modo que dois exércitos que aprisionaram os generais inimigos não deram conta da troca dos generais nem estes se aperceberam de ficar a comandar o exército errado.

Se o engano é possível com generais, mais fácil se torna com cardeais.




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