quarta-feira, dezembro 07, 2005

 

Apelo à laicidade na Rússia



A imposiçao abusiva em locais públicos dos símbolos religiosos de uma determinada fé a todos os cidadãos de uma nação supostamente laica não é exclusivo português. Da Rússia chega-nos a notícia que os principais clérigos islâmicos protestam o uso e abuso dos símbolos religiosos da Igreja Ortodoxa russa em locais públicos e apelam à reposição da laicidade violada pelas autoridades russas.

Entre os pedidos dos clérigos islâmicos figura a retirada dos símbolos cristãos da heráldica de estado mas existem inúmeras violações da laicidade pelas quais os muçulmanos russos afirmam sentir os seus sentimentos violados.

«Não se trata apenas do brazão russo. Nós podemos dizer que os ícones estão praticamente afixados em todas as paredes de instalações estatais» afirmou Nafigulla Ashirov, presidente do Conselho Espiritual dos muçulmanos da Rússia asiática, que acusou ainda os Ministérios da Defesa e do Interior e o Serviço Federal de Segurança de se terem apropriado de vários santos «supostamente os patronos dos guerreiros». Lamentando-se «As estruturas de poder, as autoridades e Igreja Ortodoxa russa do patriarcado de Moscovo estão a erigir enormes crucifixos em postos fronteiriços e na aproximação de cidades. Estão a construir capelas ortodoxas nos postos de comando das forças armadas».

Preocupações e lamentos partilhados por outros líderes da comunidade muçulmana russa, nomeadamente Damir Mukhetdinov, presidente do Conselho Espiritual dos muçulmanos da região de Nizhny Novgorod e Ali Visam Bardvil, o seu equivalente para os muçulmanos da Karelia.

O primeiro recorda que «Nós, os muçulmanos da região de Nizhny Novgorod, fomos inteiramente a favor da introdução do feriado da unidade dos povos. Nunca imaginámos, no entanto, que o som dos sinos da Igreja Ortodoxa e o ícone da Virgem de Kazan se tornariam os símbolos deste feriado na Rússia». O mufti está convicto de que «tudo isto viola a natureza laica do estado e não contribui para a unidade dos povos na Rússia».

Esperemos que os cristãos ortodoxos russos mostrem mais bom senso que os seus homólogos católicos em Portugal e não tentem fazer uma guerra de crucifixos (e ícones) daquilo que deveria ser evidente e que os responsáveis muçulmanos na Rússia reconhecem: a laicidade é indispensável e é a melhor prevenção de possíveis conflitos!




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