quinta-feira, maio 18, 2006

 

O santo fundador do Opus Dei

Quando a catequese era obrigatória, sob pena de os pais dos meninos serem acoimados de comunistas, maçons ou judeus, com os riscos que representava, as minhas catequistas falavam-me de um Deus apocalíptico, vingativo e cruel, um indivíduo tenebroso e com grande poder, ansioso de nos enviar para o Inferno.

Os santos eram pessoas de bem que aguardavam séculos para que a santidade lhes fosse reconhecida e as virtudes divulgadas. O tempo abolia defeitos e ampliava as qualidades.

Era assim quando o fabrico de santos era artesanal e a ICAR pouco mais fazia do que apoiar a aclamação popular de pessoas lendárias que preenchiam o imaginário beato e supersticioso dos meios embrutecidos pela fé.

O fabrico industrial e a pressa de canonizar alguns biltres levou à paranóia dos milagres e à elevação aos altares de indivíduos pouco recomendáveis e com defeitos conhecidos.

Santo Escrivá é um caso de sucesso a obrar milagres e uma nódoa caída no pano da igreja romana. Falsificou o nome de José Maria para «Josemaria» e comprou um título nobiliárquico para fazer esquecer a ascendência e a falência paterna nos negócios.

O seu apoio a Franco é uma lástima para quem seguiu a carreira da santidade. O Deus de Escrivá era cruel e o devoto tinha o pio costume de usar um cílio, mortificar-se e salpicar as paredes da casa de banho com sangue. Aceito que merecesse o castigo mas fica a péssima impressão do sadismo do seu Deus e do masoquismo do apóstolo.

Na segunda metade da década de sessenta do século que foi, eram tantos os ministros de Franco, do Opus Dei, que os historiadores têm fundadas razões para pensar que a seita tentou conquistar o Estado espanhol - e quase o conseguiu.

Ruiz-Mateos admitiu ter dado cerca de 4 mil milhões de pesetas à Obra durante os 23 anos de vida da Rumasa, uma empresa (outra foi a Matesa) cuja falência protagonizou o maior escândalo financeiro de Espanha e chamuscou o Opus Dei.

Michele Sindona, um banqueiro com fortes ligações à Máfia, foi envenenado na prisão com uma chávena de café. Roberto Calvi, foi encontrado enforcado debaixo da Ponte de Blackfriers, em Londres. Ruiz-Mateus foi preso e abandonado. O arcebispo Marcinkus só não foi julgado pela justiça italiana porque JP2 o protegeu e impediu a extradição.

Estes e outros nomes estão presentes quando se fala da Obra do santo Escrivá.




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