sexta-feira, agosto 04, 2006

 

Considerações sobre o «sagrado»

O sagrado é um estado de espírito em relação a uma ideia, pessoa, mito ou sistema.

A tentativa de proteger o sagrado através da censura é uma obsessão recorrente do Papa que, de sapatinhos vermelhos e camauro, dirige um exército imenso de freiras, padres, monsenhores, bispos, cardeais, núncios apostólicos e vassalos laicos, através do mundo.

O objectivo é comum aos dignitários de todas as religiões e chefes de partidos políticos que se julgam detentores da verdade única. Quando conseguem, é o poder totalitário que instalam.

O sagrado de uns é blasfémia para outros. Quando os islamitas apedrejam o diabo em Meca são um bando de dementes para outros. Os cristãos, ao celebrarem a eucaristia, são infiéis capazes de beber vinho que, como é sabido, provoca um acesso de raiva e descontrolo a Maomé.

O próprio toucinho é motivo de rivalidades teológicas e ódios mortais, tal é a demência da fé e a perturbação dos crentes.

Há quem tenha crenças profundas em Jesus, Maomé ou Jeová tal como outros adoram Mao, Estaline ou Hitler. «Cada doido com sua mania» - como diz o adágio.

Imagine-se a sociedade repressiva que se criava se o direito à blasfémia - a ofensa a tais criaturas -, fosse proibido. Se o direito de vexar, condenar ou satirizar figuras históricas, sinistras ou excelsas, fosse postergado, apareceriam, ditaduras de geometria variável e contornos impossíveis de definir.

Se é assim para pessoas reais ou prováveis, imagine-se a condenação de alguém por ter difamado o Pai Natal ou posto em causa a sua virtude ou existência! A Pantera Cor-de-rosa, Deus e o menino Jesus gozariam de protecção contra qualquer crítica ou zombaria.

Há na alma dos crentes uma vocação totalitária que é preciso combater com o laicismo.




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