quarta-feira, agosto 16, 2006

 

Os pergaminhos do Mar Morto

Qumran-The Pottery Factory, Yizhak Magen e Yuval Peleg, Biblical Archaelogy Review.

Desde a descoberta, a partir de 1947, dos Manuscritos do Mar Morto, um conjunto de papiros encontrado nas cavernas da região de Qumram - Khirbet Qumran, «ruína da mancha cinzenta», localizado na margem noroeste do Mar Morto, a 12 km de Jericó e cerca de 22 km a leste de Jerusalém na costa do Mar Morto - que os 930 fragmentos de manuscritos hebraicos, aramaicos e gregos encontrados em onze cavernas, datando de 250 a.C. ao primeiro século da era comum, têm despertado uma intensa curiosidade.

As escavações realizadas nas proximidades pelo padre francês Roland de Vaux, da École Biblique et Archéologique Française de Jerusalém encontraram uma construção que, destruída e queimada no ano 68 da nossa era, o padre católico concluiu tratar-se sem dúvida de um antigo convento dos essénios. Os essénios são uma seita dentro do judaismo, cujo existência é conhecida por muitos outros textos da antiguidade.

Na verdadeira biblioteca encontrada nas cavernas há, entre inúmeros livros do Velho Testamento e outros relacionados com práticas sortidas dentro do judaísmo, alguns documentos específicos da seita, como o Manual de Disciplina, que era seguido pelos seus membros. Até agora, apesar de existirem mutos documentos contemporâneos do mítico Cristo, não há, como seria apenas expectável, alguma menção a Jesus. Pelo contrário, alguns documentos, incluindo um muito semelhante ao Sermão da Montanha, escrito umas décadas antes do suposto nascimento do Cristo, indicam que as lendas associadas a este não são inéditas, são apenas uma colagem de vários cultos messiânicos muito abundantes na época.

Mais livros e artigos têm sido escritos sobre Qumran que sobre qualquer outro ponto arqueológico no Médio Oriente. No entanto, têm sido os pergaminhos o foco das atenções daqueles que têm interpretrado a história de Qumran, essencialmente teólogos e historiadores da religião. A arqueologia propriamente dita e a análise arqueológica contextual do local foi até há pouco tempo um aspecto secundário.

No New York Times de ontem é apresentado o trabalho de dois arqueólogos da Israel Antiquities Authority, Yizhak Magen e Yuval Peleg, que trabalham no local há cerca de 10 anos, que asseveram que Qumran não tem nada a ver com essénios, conventos ou mesmo com os pergaminhos. Qumran, afirmam eles, era apenas uma fábrica de olaria, como a análise arqueológica do local indica.

Quando os romanos destruiram Qumran em 68, durante a revolta judaica, o local era o centro de uma indústria oleira pelo menos há um século. Antes disso, o local faria parte da cadeia de fortificações que se erguiam ao longo da fronteira leste de Israel.

«A associação entre Qumran, as cavernas e os pergaminhos é assim uma hipótese sem qualquer suporte factual arqueológico».

Opinião partilhada por Norman Golb, da Universidade de Chicago, que considera, dada a diversidade de seitas representada nos pergaminhos, que estes foram removidos de Jerusalém por refugiados da guerra com os romanos. Fugindo para leste, estes refugiados esconderam os pergaminhos na segurança das cavernas de Qumran, dentro dos potes lá fabricados, onde permaneceram durante séculos.




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