domingo, agosto 05, 2007

 

O medo e a religião

A religião nasceu do medo do desconhecido e da ignorância da ciência. Os homens criaram Deus à sua imagem e semelhança na infância de tempos cruéis e de práticas mais bárbaras.

Assim, Deus é o reflexo do pior que os homens sonharam, com uma esperança de vida reduzida e a sobrevivência diariamente comprometida. O Deus monoteísta, vingativo e apocalíptico, é uma elaboração a partir do medo e da incapacidade de explicar o mundo.

O homem fez-se escravo do mito e confundiu o criador e a criatura, a danação própria e a perversão divina, a violência atávica e o furor celeste. Depois, à medida que domou os animais ferozes, domesticou Deus e entregou a trela aos clérigos.

O que passa hoje é um exercício parecido com o dos treinadores de cães de guerra. Os padres açulam Deus às canelas dos ímpios e ameaçam com ele os crentes, tal como os polícias de choque fazem com os pastores alemães aos recalcitrantes que se manifestam contra a ordem estabelecida ou os exércitos com os inimigos que se aproximam.

A única diferença, e não é pequena, é que em democracia pode existir legitimidade na repressão, mas em questões de fé só existe a demência cega de quem não concorda com a mudança nem admite que se ponha em causa a tradição.

O crente é a vítima que teme que os padres lhe larguem Deus e lhe ferre o cachaço se não pagar o dízimo, rezar as orações e cumprir os mandamentos. E não basta esfolar os joelhos e arriscar a cólera clerical, se não fizer tudo como Deus manda tem a eternidade como horizonte temporal do sofrimento.

Os ateus, apóstatas e crentes da concorrência têm o cutelo para a degola, a pedra para a lapidação e o chicote para a correcção das imperfeições da fé. Basta que a fé dominante detenha o poder e solte os clérigos. Até as fogueiras voltam se a teocracia romana voltar.

No circo da religião maltratam-se as pessoas por vontade divina, mas por tradição e por desejo dos profetas são as mulheres as vítimas predilectas. Decorrem séculos e Deus mantém-se vivo nas alfurjas das sacristias onde germina o ódio e se conserva o espírito misógino.




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