domingo, agosto 28, 2005

 

Universidade da Califórnia não admite criacionistas

A rede de Universidades públicas americanas mais prestigiada, a Universidade da Califórnia, UC, compreendida por 10 universidades que incluem a Universidade pública mais bem classificada no ranking das Universidades americanas Berkeley, a UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles) e a UCSD (Universidade da Califórnia, San Diego), apresenta padrões elevados de admissão aos excelentes cursos que ministra, requerendo que os candidatos tenham completado no liceu diversas disciplinas em ciência, matemática, história, literatura e artes.

Critérios de admissão que não são satisfeitos pelos alunos das escolas cristãs da Califórnia, que não ministram algumas das disciplinas obrigatórias para a UC ou só as ministram nominalmente. Seguindo a boa tradição cristã da mania da perseguição, ou seja, fazendo publicidade com muitos gritos de perseguição e acusações de discriminação sempre que os seus anacrónicos ditames não são universalmente aceites, na sexta-feira uma associação de escolas secundárias cristãs representando 800 escolas e a Escola Cristã do Calvário acusaram a Universidade da Califórnia de discriminação contra as escolas que ensinam o criacionismo e outros pontos de vista cristãos e interpuseram uma acção contra a UC. Na acção são citadas cartas que o conselho de admissão da UC escreveu à Escola do Calvário dizendo, como seria de esperar, que algumas das disciplinas que esta ministra são demasiado pouco abrangentes para serem aceitáveis. Informando ainda a escola cristã que não aprovaria disciplinas de biologia e ciência assentes em livros de duas editoras cristãs, cujo conteúdo é mais cristão que científico.

O conselho de admissão da UC instruiu ainda as escolas para «submeter à aprovação da UC um curriculum secular de ciência com textos e orientação dos cursos que abordem conteúdos e conhecimento aceite pela comunidade científica». Instruções que as escolas não seguiram e de que só agora se queixam, provavelmente porque os seus alunos não conseguiram entrar na UC.

Patrick H. Tyler, o advogado da associação Advogados para a Fé e Liberdade (um oxímoro) que ajuda os queixosos, afirmou que «Parece que a UC está a tentar secularizar as escolas cristãs e impedir que estas ensinem a partir de um ponto de vista cristão».

Por sua vez a porta voz da UC, Ravi Poorsina, informou não poder comentar os detalhes da acção legal uma vez que a UC ainda não a tinha recebido. Mas disse que a Universidade tinha direito, legalmente reconhecido, a determinar quais os critérios de admissão para os candidatos à UC em termos das disciplinas efectuadas. E referiu que «O que fazemos de facto é para benefício dos estudantes. Estes critérios de admissão foram estabelecidos cuidadosamente pela faculdade e corpo docente para assegurar que os estudantes que cá chegam estão completamente preparados com o conhecimento de espectro largo e as capacidades de pensamento crítico necessárias para terem sucesso». E «Embora as escolas privadas tenham o direito de ensinar o que quiserem, os estudantes dessas instituições podem ser admitidos na UC completando as disciplinas obrigatórias em instituições comunitárias».

Ravi Poorsina declarou ainda que os estudantes das escolas cristãs podem ser admitidos com base apenas nos seus resultados nas provas nacionais SAT (o equivalente aos nossos exames do 12º ano). Mas, quiçá porque os curricula das escolas cristãs não propiciem bons resultados nas provas nacionais, na acção interposta é dito que por esta via de acesso os alunos cristãos têm muito poucas hipóteses de admissão.

Pessoalmente acho que é precisa muita desfaçatez para querer impor às Universidades critérios de admissão que satisfaçam as IDiotias cristãs. E considero que as Universidades americanas de mais prestígio brevemente seguirão o exemplo da UC. Porque alunos que acreditam que a Terra tem menos de 10 000 anos, que o Grand Canyon foi formado num dia pelo grande dilúvio, que Deus «criou» todas as espécies que existem na Terra em seis dias sem margens para evoluções ateias, isto para não falar na total ausência de espírito crítico, não têm lugar numa Universidade séria e digna do nome. Quiçá os delírios criacionistas que infestam os Estados Unidos sejam refreados quando os pais se aperceberem que os filhos tão cristãmente educados só têm lugar em Universidades de 2ª e 3ª categorias.




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