sexta-feira, maio 05, 2006

 

As virgens terão que esperar

Zacarias Moussaoui é um desgraçado. Em 2001, deixou-se apanhar com o passaporte caducado algumas semanas antes do 11 de Setembro. Os seus dezanove amigos conseguiram capturar quatro aviões comerciais, despenhar dois deles contra edifícios de Nova Iorque e outro contra o Pentágono, e apenas perder o controlo do último dos quatro aviões, todavia perpetrando o maior ataque terrorista de sempre.

Reduzido a contemplar, da prisão, o sucesso da conspiração em que participara, Zacarias gritou «Deus é grande», mas é crível que tenha tido alguma inveja. Na religião com que o iludiram, não apenas se acredita numa «vida eterna» posterior à morte, mas também que morrer matando os inimigos da fé garante a maior das glórias nessa «vida depois da morte», em algumas versões garante mesmo umas dezenas de donzelas virgens. Devido ao seu próprio desleixo, Zacarias falhara a ida para este «paraíso das virgens».

Não tem sido devidamente sublinhado que o 11 de Setembro só foi possível porque há pessoas, na Europa e noutros continentes, que vendem a ilusão de que existe uma «vida depois da morte», e que se apresentam como únicas conhecedoras do caminho para essas maravilhas póstumas. Em Portugal, a maioria desses charlatães são muito respeitados, e a ilusão que vendem raramente é criticada em público. Mas é essa ilusão que permite o bombismo suicida.

Zacarias Moussaoui teve azar. O tribunal não o condenou à morte, que ele acha que ainda seria consideravelmente gloriosa e que lhe abriria o caminho, acredita ele, para a «glória eterna». Foi uma decisão humanista do tribunal, mas foi também a segunda desilusão de Zacarias Moussaoui. Esperemos que tenha agora tempo para compreender que foi enganado, e que a vida vale muito mais do que a morte, mesmo sem «paraíso» nem «virgens».




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