sexta-feira, maio 26, 2006

 

Causas da decadência ética em Portugal

A mãe que reza o rosário para que o filho passe no exame está a meter uma cunha à santa para que influencie o júri que o há-de julgar.

O construtor civil que manda um cabaz de Natal a casa do engenheiro da Câmara agradece o último andar do empreendimento que tem em construção.

O funcionário que promete ir a Fátima, se for promovido, quer apenas que Deus se lembre dele para a vaga que por mérito pertenceria a um colega.

O cordão de ouro que a minhota deixou no andor do Senhor dos Passos para que o seu homem deixasse a galdéria que o transtornou e voltasse para ela, sabe bem que sem a renúncia ao ouro o Senhor não lhe levaria de volta o bandalho do marido.

Sempre que há promessas para obter do santo especializado em certo tipo de subornos, um qualquer benefício, é a confissão do carácter venal da Providência. É o cabrito que se manda ao chefe na véspera das actualizações salariais.

Ao santo pede-se que interceda junto de Deus para fazer ao mendicante o que não faz a outros. Ao chefe solicita-se que trame o parceiro em benefício próprio.

Portugal é um país venal, de pequenas e vis corrupções, país feito à imagem da religião que o marcou, uma espécie de ferro que indica a ganadaria e o distribui os portugueses por paróquias e dioceses como animais da respectiva quinta.

Mas que pode esperar-se da Igreja do Papa JP2 que acreditou que a Virgem lhe dirigiu a bala por sítios não vitais e o poupou a ele mas não nos poupou dele a nós?

A mentalidade beata cria pessoas que Vêem o empenho, o suborno e o compadrio como virtudes canónicas, que fazem na vida o que lhes ensinaram a fazer com Deus.

Felizmente ainda há gente séria. O mesmo não se pode dizer da fauna mística que povoa o Céu, um grupo de agiotas onde se chega através de agentes, à custa de missas, terços e oferendas e da renúncia aos prazeres da vida.




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