segunda-feira, maio 22, 2006

 

Itália, o Vaticano e o Código da Vinci

Numa altura em que a Zenit tornou público o «Report on the Evolution of the Family in Europe 2006» (relatório da evolução da família na Europa 2006) que indica que na Europa a família «tradicional» já não o é de facto, nem mesmo em países como a Polónia, começaram os esperados embates do Vaticano com o governo de Romano Prodi sobre o tema.

Assim, a ministra da Família, Rosy Bindi, anunciou este domingo de que a Itália vai reconhecer as uniões de facto. Acrescentando que o novo parlamento irá igualmente acabar com a lei absurda sobre a procriação assistida. Rosy Bindi disse que a Itália tem a responsabilidade de debater algum tipo de reconhecimento de uniões civis, mesmo diante das advertências da Igreja Católica de que vai combater qualquer medida que abale a família «tradicional».

O Vaticano já tinha feito saber a Prodi que não aceita uniões fora do casamento e, pela voz do Cardeal Camillo Ruini, o eclesiástico máximo da Conferência de Bispos Italianos, apelou ao voto no grande defensor da família «tradicional» Berlusconi, dizendo que os eleitores italianos «deviam ter em consideração» na decisão do voto assuntos como o aborto e o reconhecimento legal de uniões de facto.

Diria que com 32.8% dos nascimentos em 2004 fora do casamento na Europa dos 15 e 31.6% na Europa a 25, taxas de natalidade como na mui católica Polónia de 1.23 filhos/mulher e 10 milhões de divórcios na Europa dos 15 entre 1990 to 2004, o Vaticano deveria perceber que a maioria dos europeus, mesmo os católicos, se estão nas tintas para os ditames anacrónicos da Igreja em relação à sexualidade e à família «tradicional» e se deveria abster de tentar interferir politicamente de forma a impôr a todos os seus neolíticos preceitos.

De facto, mesmo no país que alberga os ditadores de sotaina parece que os cidadãos estão cada vez mais indiferentes aos apelos do Vaticano. Não só o paladino de óvulos e espermatozóides não foi eleito (por pouco, é certo) como a adaptação do livro de Dan Brown gerou 2 milhões de euros na estreia em Itália, quase o dobro do filme que obteve o recorde anterior, «A Vida É Bela», filme do italiano Roberto Benigni premiado com um Oscar. Os italianos ignoraram o pedido do Vaticano de boicote ao filme e acorreram em massa às salas de cinema. Tarefa ligeiramente dificultada em Roma pelos fanáticos do movimento Militantes Cristãos que cercaram alguns cinemas perto do Vaticano gritando contra Dan Brown.

Para além de que muitos italianos simplesmente ignoram as críticas às uniões de facto reiteradas à exaustão pelo Vaticano, como indicam os 14.9% nascimentos fora do casamento neste país para além de que a taxa de nascimentos próxima da polaca (1.2) mostra claramente o que pensam as italianas sobre a proibição católica de contraceptivos.




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