sexta-feira, maio 19, 2006

 

Turquia - Um juiz morto em nome de Deus

Na sequência do artigo «Fundamentalismo islâmico na Turquia», da Palmira, face à gravidade e importância do crime, volto ao assunto.

O assassinato de um juiz turco por um crente exaltado é um sinal de alerta para os perigos que correm as sociedades democráticas.

Ao grito de «Deus é o maior», o facínora de Alá, fanatizado pelos sequazes do profeta Maomé, virou a sua sanha para os juizes do Supremo Tribunal Administrativo, ferindo vários, um deles mortalmente, movido pelo ódio aos que defendem um estado laico.

O juiz assassinado e outro ferido eram conhecidos pela coerência com que defendiam a laicidade. Eram autores da decisão, de acordo com a Constituição, que proibia o uso do véu islâmico nas universidades e na função pública.

A deriva fundamentalista que varre as religiões do livro, os ódios acumulados pelos dignitários eclesiásticos que vêem na secularização a perda de prestígio e influência, a falta de cultura e excesso de fanatismo que exalta os crentes, estão na origem de guerras cujo fim não se vislumbra.

A separação da Igreja e do Estado foi imposta por Mustafa Kemal Ataturk com inaudita violência e radicalismo que colide com as sociedades abertas e multiculturais europeias, mas foi o fundador da Turquia moderna onde a paz religiosa persiste graças à contenção do clero e à proibição pública dos símbolos religiosos.

Perante as investidas clericais, que atacam a democracia e o direito à liberdade religiosa (direito de ter ou não ter religião, de ser crente, agnóstico ou ateu), está criado um clima de terror a que é preciso pôr cobro.

Da Arábia Saudita ao Vaticano, da Al-qaeda ao Opus Dei, do protestantismo evangélico dos EUA à Igreja ortodoxa de Atenas ou de Moscovo, dos bispos espanhóis aos mullahs espalhados pelo mundo, é preciso uma vacina que proteja os cidadãos dos métodos que as religiões usam para conquistar o Paraíso. Essa vacina chama-se laicidade.

«Deus é o maior», mas não é de tiranos que a humanidade precisa.




<< Home

Google
 
Web www.ateismo.net


As opiniões expressas no Diário Ateísta são estritamente individuais e da exclusiva responsabilidade dos seus autores, e não representam necessariamente a generalidade dos ateus. Os artigos publicados estão sujeitos aos estatutos editoriais.
As hiperligações para sítios externos não constituem uma recomendação implícita. O ateismo.net não é responsável nem subscreve necessariamente, no todo ou em parte, a informação e opinião expressa nesses sítios web.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?