domingo, julho 09, 2006

 

Presunção e Bento XVI

Bento XVI não perdeu os tiques inquisitoriais que os anos passados à frente do ex-Santo Ofício lhe imprimiram. Esses tiques associados ao poder absoluto do papado resultaram num ditador autista e petulante.

Assim, e contrariando as expectativas do Carlos que escrevia ontem «Não repetirá a deselegância com que recebeu o embaixador espanhol e não vai faltar ao respeito devido a quem exerce o poder por mandato popular», Bento XVI cometeu uma gaffe imperdoável ao criticar o chefe do governo espanhol, o Zapatero que está a libertar a Espanha das garras opressoras e obscurantistas da ICAR, por este não ir assistir à missa que encerra o «Encontro Mundial das Famílias» organizado em Valência pela Igreja Católica.

De facto, não se percebem as críticas, nomeadamente as declarações ao jornal Corriere della Sera do cardeal italiano Mario Francesco Pompedda, membro da Cúria Romana, que qualificou de «acto de laicismo excessivo» a decisão de Zapatero.

Pensava eu que uma missa era suposta ser a forma de os crentes «comungarem» com a sua mitologia, ora se Zapatero não é um crente que cargas de água faria numa missa? Como é que não ir à missa pode ser qualificado como «laicismo excessivo»? Será que finalmente o Vaticano admite que as missas são apenas comícios políticos, destinados a perpetuar o poder do Vaticano? Ou será que o Vaticano se acha no direito de impôr a todos o catolicismo e merecedora de crítica a opção arreligiosa de alguém?

Por outro lado, a decisão de Zapatero em fazer representar o Governo espanhol na missa pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Miguel Angel Moratinos e pelo ministro da Justiça, Juan Fernando Lopez Aguilar, encarregue das relações entre o Estado e a Igreja, é de uma ironia e requinte de humor que certamente passou ao lado dos dignitários católicos...

De realçar igualmente a intervenção do Arcebispo de Burgos, Francisco Gil Hellín, que aproveitou o evento para ulular contra os «bezerros do poder» - subentendendo-se pelo teor da carpição que o prelado se referia ao governo de Zapatero - que vão «contra a lei natural» nomeadamente ao «modificar e enfraquecer a comunhão do homem e mulher» facilitando o divórcio e a contracepção.

O dignitário católico relembrou as palavras de João Paulo II «se for preciso ir às ruas em defesa do matrimónio e da família, teremos que ir» para advertir que a Igreja Católica não olha a meios para impôr a todos a sua (i)moralidade anacrónica!




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