sexta-feira, agosto 18, 2006

 

Todo o bem vem de Deus

Viajar pela história das religiões não é apenas entrar no pântano da mentira e da intriga, é percorrer um mundo de horrores, descer às alfurjas da sordidez, penetrar num passado de crimes de que a civilização actual se procura libertar.

Julgamos epifenómenos as Cruzadas, a evangelização, a Reforma, a Contra-Reforma, a Noite de S. Bartolomeu e a própria Inquisição. Vemos o calvinismo como patologia benigna e o protestantismo evangélico uma demência sazonal com acessos esporádicos.

Temos a tendência de esquecer o oceano de sangue que liga os primórdios das religiões abraâmicas aos nossos dias e recordar as doces falsificações de paz e amor que o clero forjou laboriosamente ao longo dos séculos.

Nunca a liberdade teve o contributo empenhado de qualquer religião e quase sempre se conquistou na luta contra o poder do clero e a violência do dogma.

Do Islão e da sua patologia vemos o hábito das decapitações, a euforia com que serram vivos os inimigos da fé, a excitação das lapidações e o zelo com que fazem amputações.
Veneram Deus e Maomé, o primeiro a merecer manicómio e o último internamento num reformatório, se acaso o primeiro existisse e fosse vivo o segundo.

O Vaticano, um bairro de 44 hectares mal frequentado e pior governado, é a cabeça de um imenso e antigo tumor que espalha pus pela humanidade. A Santa Aliança, serviço de espionagem da Santa Sé, desde 1566, é uma associação de malfeitores para uso do vigário de Cristo e apoio aos ditadores que lhe são afectos.

Basta recuarmos ao segundo quartel do século passado e vermos Pio XI, após o pacto de Latrão, a entusiasmar os padres de toda a Itália a apoiarem os fascistas, considerando Benito Mussolini como «enviado pela Providência» o que, a ser verdade, colocaria pior o Deus do que o próprio Papa.

O apoio explícito de Pio XII a Hitler e ao nazismo foi ratificado quando o Papa ordenou ao arcebispo Orsenigo, núncio em Berlim, que organizasse uma grande recepção para celebrar os cinquenta anos do Führer. Desde aí, e durante toda a guerra, Hitler recebeu em Berlim felicitações por parte do cardeal Bertram.

Ante Pavelic desejou criar uma Croácia católica pura através de conversões forçadas, deportações ou extermínios. De 1941 a 1945 os ustachis levaram a cabo o assassínio sistemático de sérvios ortodoxos, ciganos, judeus e comunistas. Pavelic teve, desde o princípio do seu governo, o apoio público de Pio XII ao nacionalismo católico croata.

Durante uma peregrinação a Roma, em Novembro de 1939, Pio XII, não poupou nos encómios aos ustachis, encabeçados pelo tenebroso arcebispo Stepinac. Pio XII via no extermínio e nas deportações dos sérvios a oportunidade de proselitismo e o avanço do catolicismo para leste.

Pio XII manteve-se silencioso quando um agente dos serviços secretos papais informou que as vítimas eram obrigadas a abrir uma cova, antes de serem atadas com arames e enterradas vivas». Outro agente, da contra-espionagem papal, enviou um relatório datado de 11 de Maio de 1941 em que dizia: «Os ustachis prenderam 331 sérvios, entre os quais estavam um padre sérvio ortodoxo e o seu filho de nove anos. As vítimas foram esquartejadas com machados. O padre foi obrigado a rezar enquanto lhe matavam o filho. A seguir torturaram-no, arrancaram-lhe a barba, furaram-lhe os olhos e esquartejaram-no vivo».

Pio XII manteve silêncio, talvez para rezar em sossego.

Fonte: A Santa Aliança - Eric Frattini - Ed. Campo das Letras




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