sexta-feira, setembro 01, 2006

 

As máfias de Deus e as outras

É conhecida a religiosidade dos mafiosos sicilianos bem como de agentes de profissões análogas, como passadores de droga, traficantes de armas e proxenetas, meros exemplos da harmonia entre o crime e a superstição.

Quando, há algum tempo, a cantora pop Madonna foi à Rússia e se fez coreografar numa cruz logo as poderosas máfias autóctones a intimidaram e chantagearam com ameaças aos dois filhos e marido.

Surpreende os incautos ver máfias e Vaticano do mesmo lado da barricada, defensores dos bons costumes e do respeito pela iconografia de que a religião se apropriou.

Entre 1979 e 1982, cinco cardeais referidos no inquérito do IOR (Banco do Vaticano) e do Banco Ambrosiano, com a média de 69 anos de idade e gozando todos de boa saúde, esqueceram-se de respirar. Sucedeu-lhes o mesmo que a João Paulo I cuja imprudência de revelar que iria fazer um inquérito ao IOR logo alertou Deus para a necessidade de o chamar à sua divina presença, como soe dizer-se em jargão religioso.

Em vida de João Paulo II, enquanto foi possível conservá-lo, a Santa Aliança (agência de espionagem do Vaticano) teve um papel muito activo na venda de armas à Argentina, durante a Guerra das Malvinas, no desvio de fundos do IOR para o «Solidariedade», de Lech Walesa e na lavagem de dinheiro da droga e de outras pias actividades.

O arcebispo Paul Marcinkus, Roberto Calvi, Licio Gelli e Michele Sindona, este último lavava dinheiro de heroína, tiveram uma relação íntima com Paulo VI, João Paulo II e cardeais da Cúria num triângulo que envolvia o IOR, o Banco Ambrosiano e a falsa loja maçónica P-2.

Foi Licio Gelli quem apresentou Somoza a Roberto Calvi. A Nicarágua converteu-se em refúgio seguro para o dinheiro «B» do Vaticano e o IOR, em troca, pagou grandes somas ao ditador.

A falência do Banco Ambrosiano só não causou maiores danos ao Vaticano porque são antigas as nódoas e tão frequentes que qualquer canonização lhes serve de lixívia. Mas custou muito dinheiro ao Papa.

Fonte: A Santa Aliança - Cinco séculos de espionagem do Vaticano, de Eric Frattini.




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