terça-feira, outubro 03, 2006

 

O Papa e o Islão (2)

Se uma andorinha não faz a Primavera, uma verdade não transforma um aldrabão numa referência ética.

O Papa usou um subterfúgio para dizer que o Islão é incompatível com a liberdade e a democracia. Dizendo o óbvio esqueceu que Pio IX disse o mesmo da Igreja católica.

De facto, as igrejas são incompatíveis com a liberdade porque atribuem a Deus a autoria de uns livros que denominam sagrados e consideram imutáveis. Os golpes de rins dados por exegetas mais sagazes limitam-se a tornar suportável a vontade divina que os padres divulgam. Emendam a fraude criada em épocas mais bárbaras e cruéis.

Não devemos confundir religião com crentes. Uma é o veneno, os outros são as vítimas. Os islamitas apreciam no Ocidente sobretudo a liberdade religiosa e os árabes podem ser ateus e agnósticos. A islamização é um processo de submissão imposto pelo terror. A pena de morte é um risco para a dúvida e o método para evitar deserções ou cismas.

A Europa conseguiu impor a laicidade e domesticar o cristianismo. O Médio Oriente não tem actualmente condições para corrigir o fascismo islâmico, impor a separação do estado e da igreja e o reconhecimento dos Direitos Humanos.

Os livres-pensadores têm a obrigação de defender o direito à liberdade de expressão do Papa, por maior certeza que tenham da sua vontade em suprimi-la aos outros.

O que não podem nem devem conformar-se é com o aproveitamento de quem pretende opor-se ao perigo islâmico sob a égide de um novo perigo - outra religião, sob a sua influência.

Não se combate o cancro com a SIDA.

O remédio está no aprofundamento da laicidade do Estado e na ajuda aos sectores laicos das sociedades submetidas à tirania religiosa. O resto é preconceito.




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