domingo, dezembro 03, 2006

 

SIM ao referendo do aborto




Como lembrou Helena Matos no Público de ontem «Por tudo isto votarei sim a 11 de Fevereiro. Mas não considero que o caso fique aqui encerrado. Em política como na vida as responsabilidades devem ser pedidas a quem de direito. E esta situação aberrante em que nos encontramos tem responsáveis. São eles António Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa. Sobrepondo-se à Assembleia da República, estes dois líderes acordaram na realização dum referendo que não só não resolveu problema algum, como criou vários. Algum dia quer um, quer outro terão de ser confrontados com isto.»

De facto, é aberrante que um país supostamente laico continue no século XXI com uma lei com as teias de aranha da cristandade medieval que ornamentam a nossa. E como recordou Helena Matos aos de memória mais curta, esta situação inadmissível num estado de direito deve-se apenas à beatice dos dois líderes dos maiores partidos nacionais que criaram esta situação por a Assembleia da República ter decidido o que as suas «consciências» católicas não aceitavam: que fosse deixado ao livre arbítrio das mulheres algo condenado pela Igreja!

Por outro lado, apenas quando a alteração à anacrónica lei que temos é mencionada, há unanimidade em torno da necessidade de mais e melhor educação sexual, mesmo por parte dos pró-prisão. Porque também nestas matérias a memória é curta, convém recordar a (pseudo)polémica levantada há cerca de ano e meio pelo movimento MOVE àcerca da disciplina de Educação Sexual. Mais concretamente, e como referi à data, uma campanha difamatória contra a Associação para o Planeamento da Família, APF, que incluiu uma petição que circulou célere na Internet e onde, entre outras coisas, se exigia a suspensão de supostos programas de educação sexual em curso nas escolas, promovidos pelo Ministério da Educação em parceria com a APF.

O slide que ilustra este post foi descoberto pela Shyznogud «numa das muitas apresentações de powerpoint que o MOVE disponibilizava». E retrata exemplarmente o que motiva os pró-prisão para as suas campanhas terroristas! Que não tem remotamente algo a ver com defesa da vida!

Porque convém não esquecer que a campanha caluniosa - que boicotou a introdução da disciplina de Educação Sexual nas escolas - foi lançada por associações ultra-conservadoras, nomeadamente a Associação Juntos pela Vida, as mesmas que hoje ululam merecerem prisão as mulheres que decidirem interromper uma gravidez não desejada.

E porque o referendo se aproxima e os pró-prisão, com a Igreja Católica a liderar os movimentos, estão, como seria apenas expectável, ultra mobilizados para o terrorismo do costume, é uma boa notícia saber que já têm blog o Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim - que integra membros do movimento católico «Nós Somos Igreja» - e os Médicos Pela Escolha.

O Movimento pela Despenalização da IVG já está na blogosfera há uns meses, aliás vale a pena ler este post que relata em primeira mão as tácticas terroristas da Igreja Católica nacional. Uma lista dos blogs nacionais a favor da despenalização da IVG está a ser compilada pelo Daniel Oliveira no Arrastão. Se algum dos nossos leitores souber de algum não indicado, deixe a hiperligação nas caixas de comentários (neste momento reféns de um alucinado cristão pró-prisão que, sem grande surpresa, as utiliza para debitar o seu veneno e como tal os comentários estão sujeitos a aprovação).

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