terça-feira, agosto 28, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «O primeiro sinal de patranha e hipocrisia intelectual e emocional é o erguer de muros que visam proteger algo da crítica — não se pode usar a crítica aqui porque é "redutor", porque a realidade ultrapassa o pensamento, porque o sentir é uma "dimensão outra" do ser humano, porque é blasfemo pôr em causa a tradição religiosa secular, porque o método científico é muito limitado, porque a racionalidade está ultrapassada, etc. Trocando por miúdos, o que isto quer dizer é: «não me venham com perguntas difíceis, que me lixam o meu sistema de crenças, confortável e seguro, pois eu quero que isto seja verdade — afinal, não era tão bom que fosse mesmo verdade?»»(«Verdade e crença: uma confusão filosófica comum», no De Rerum Natura)
- «Um descrente não põe em causa que um crente sente o que diz sentir por um deus ou outro. O descrente põe é em causa que tais sentimentos sejam adequados, por pôr em causa a existência do objecto de tais sentimentos. O que está em causa não é a existência de tais sentimentos, mas a sua razoabilidade e adequação. Um louco também tem sentimentos, igualmente reais enquanto sentimentos, relativamente ao fantasma do Napoleão, que o acompanha sempre e lhe sussurra segredos ao ouvido.
[...] o sistema de funcionamento das religiões não obedece a procedimentos de virtude epistémica: não há sistemas de controlo de erros, procura activa de contra-provas, de objecções, de testes cegos, liberdade de argumentação, acolhimento do debate frontal. Pelo contrário, as religiões caracterizam-se por partir dos conceitos de blasfémia e opinião herética, aceitam que determinadas ideias não devem sequer ser debatidas, e que quem as defende tem de ser excomungado. E por isso nenhuma crença pode racionalmente basear-se nas instituições religiosas.
[...] Mas não me parece aceitável, e é a isso que eu chamo hipocrisia e desonestidade intelectual, fingir que temos argumentos sólidos a favor das nossas crenças religiosas quando na realidade não os temos e nem estaríamos dispostos a abandonar tais crenças caso encontrássemos argumentos irrespondíveis contra elas. Isto seria como um fumador recusar-se a reconhecer que o tabaco não é saudável, só para poder manter a ideia falsa, mas reconfortante, de que é uma pessoa razoável, reflectida e racional. » («Será razoável acreditar em deuses sem provas?», no De Rerum Natura) - «O cientista considera que vivemos uma nova era de obscurantismo, que dura há aproximadamente 30 anos. Uma era em que "a verdade deixou de ser importante, e os dogmas e a irracionalidade passaram outra vez a ser respeitáveis". Uma era em que as pessoas são "iludidas a pensar que serão recompensadas com o paraíso por se suicidarem matando outros", em que bispos atribuem as recentes cheias em Inglaterra à vingança de uma divindade e em que "professores de ciências começam a acreditar que a Terra foi criada há 6000 anos"»(«O Sono da Razão: haja velas para tanta escuridão», no De Rerum Natura)
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segunda-feira, agosto 20, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- « A confusão entre as duas coisas parece aliás estar presente em algumas formas de pensamento e vivência religiosa: a ideia por vezes parece ser que a própria crença de que Deus existe torna real a sua existência, o que é um disparate infantil.»(«Verdade e crença: uma confusão filosófica comum», no De Rerum Natura)
- «Ehsan Jami, membro do PvdA (centro-esquerda) e Loubna Berrada do VVD (centro-direita), criaram o Comité Central para Ex-Muçulmanos como forma de defender os direitos dos apóstatas muçulmanos. Ehsan Jami foi alvo de agressões por parte de marroquinos e o seu objectivo é tornar a apostasia do islamismo tão aceitável quanto a do cristianismo.» («Apoio aos apóstatas do islamismo», no Speakers Corner Liberal Social)
- «Segundo os estudos dos historiadores, o sistema de castas foi introduzido há cerca de 3000 anos quando raças arianas do norte impuseram às raças com peles mais escuras uma estratificação baseada na cor da pele e profissão. Um sacerdote chamado Manu escreveu em 200 a.C. um dos livros mais importantes do hinduísmo, registando as leis das castas como leis sagradas declaradas por Deus (As Leis de Manu), concedendo privilégios às castas dominantes com consentimento dos deuses. Assim as leis humanas tornaram-se palavra de Deus.
O sacerdote supracitado justifica o sistema de castas colocando as questões retóricas: "Foi escrito por Deus, quem pode apagá-lo? Se não houver mais grande e pequeno como é que o sistema funciona?".»(«Foi escrito por Deus, quem pode apagá-lo?», no Crer Para Ver)
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quinta-feira, agosto 16, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Por exemplo, o presidente do Conselho de Educação do Kansas, o religious right Steve Abrams que aprovou em 2005 a introdução do neo-criacionismo nos curricula de ciências do estado e rejeitou ser a ciência uma explicação natural de fenómenos observáveis - aprovando a redefinição de ciência proposta pelo templo do neo-criacionismo, o Discovery Institute - considerou que alguns directores de escolas do seu estado, curiosamente os mesmos que se recusaram a vender religião por ciência, promoviam "pornografia como literatura". Recordando que as minhas aulas de Português mais memoráveis, com um daqueles professores que nos marcam, passaram pela dissecação literária do «1900» de Bernardo Bertolucci, tenho alguma dificuldade em perceber como alguém minimamente razoável pode considerar que, por exemplo, o relato de uma epidemia de Ebola é pornográfico, não obstante o título The Hot Zone (A zona quente).»(«Polícia da Palavra», no De Rerum Natura)
- «As figuras mais marcantes desta geração, conhecida como a "geração de 70" e que provocou uma polémica contra os românticos em 1865 empreenderam uma intensa campanha anti-clerical, em textos literários e ensaísticos de grande divulgação: os romances realistas daquele que é provavelmente e ainda hoje o maior prosador da língua portuguesa Eça de Queirós (1845-1900) - 'O Crime do Padre Amaro' e 'A Relíquia' - , os poemas satíricos de Guerra Junqueiro (1850-1923) - 'A Velhice do Padre Eterno' - , e as crónicas de Ramalho Ortigão (1836-1915) e de Fialho de Almeida (1857-1911) são os exemplos mais marcantes. Mas houve outros, como Antero de Quental (1842-1891), o poeta e filósofo que, nas 'Causas da Decadência dos Povos Peninsulares', incluiu a influência nefasta da Igreja, e Oliveira Martins (1845-1894), o historiador autor de 'Portugal Contemporâneo'. Todos eles defendiam uma sociedade laica e progressista, em que a razão, a ciência, a moral social substituíssem completamente os dogmas e a pedagogia religiosa.» («A DESCRENÇA EM DEUS NA LITERATURA PORTUGUESA», no De Rerum Natura)
- «O prefácio da novissima The New Encyclopedia of Unbelief em que o Carlos colaborou ficou a cargo de um dos mais proeminentes ateístas da actualidade, Richard Dawkins, que tem feito correr rios de tinta com o seu último livro, "A ilusão de Deus".»(«Escravos da Superstição: os Inimigos da razão», no De Rerum Natura)
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segunda-feira, agosto 06, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «No caso dos hindus, existe um sistema de castas e aqueles que pertencem à casta inferior (os dalits, [...]) não podem tocar nos membros de outras castas, nem na água, instrumentos ou lugares que acedem (nem sequer os templos). É como se tivessem uma doença grave altamente contagiosa (é isso que parece significar ser impuro). Chega ao ponto de as sombras serem consideradas um meio de transmitir impurezas.
Um senhorio disse sobre os seus servos dalits (que limpam os excrementos humanos e animais no chão): «Como posso deixá-los entrar na minha casa? Falamos com eles e damos-lhes o que precisam lá fora» ... «Há uma enorme diferença entre mim e eles que remonta há muitos anos atrás. Eles são pequenos e sujos. Pertencemos à casta elevada e eles à mais baixa. Como podemos socializar com eles? Trabalham, damos-lhe o nosso dinheiro e desaparecem. Não falamos muito com eles.» Usou como ilustração os dedos (como as parábolas), que não são todos iguais, e justifica o tratamento e desprezo pelos dalits com a tradição: "sempre foi assim"»(«Intocáveis em nome da tradição», no Crer Para Ver) - «Mas concordo com a preocupação do Carlos Pinto. É infundada neste caso, porque uma manifestação por ano não vai ter grande efeito na criança. Mas preocupava-me se fosse todos os domingos. Se os pais convencessem os filhos que há um grande Gay no céu a vigiá-los constantemente. Se, do púlpito, um representante do omnipotente Gay ameaçasse com sofrimento eterno meninos e meninas que sequer sentissem atraídos pelo sexo oposto. Se todos os dias rezassem a este Gay, se todos à sua volta falassem Dele como se existisse. Aí concordava com o Carlos que isto era mau para as crianças. Não por fazer fosse o que fosse à sua orientação sexual, mas pelo sofrimento desnecessário que estes disparates lhes iriam causar por toda a vida.» («Muito grave...», no Que Treta!)
- «Sir David Attenborough não defende a violência. Não é racista, não discrimina as mulheres. E quando se mete na vida dos outros é só para nos mostrar como é, não para lhes dizer como deve ser. Apesar destes defeitos o canal evangélico Holandês Evangelische Omroep (EO) transmitiu a série «The Life of Mammals». Mas Attenborough tinha ido longe demais. Nesta série, o conhecido naturalista mostra a natureza como ela é. Não pode. A EO teve que intervir.»(«David Attenborough Censurado», no Que Treta!)
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sexta-feira, agosto 03, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Por meio de uma escada de seu quarto, Macedo terá acesso a um mirante do qual se descortina uma vista aprazível da cidade. De lá, ele também poderá apreciar uma réplica do jardim do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, onde Jesus Cristo foi preso pelo Sinédrio judaico. A casa conta, ainda, com adega, sala de cinema, quadra de squash e elevador panorâmico. [...] O piso das salas e das áreas de passagem dos andares superiores é de mármore botticino – 600 metros quadrados da pedra foram importados da Itália, a um custo estimado em 240.000 reais.»(«A aplicação dos dízimos de Deus!...», n'O CALHAMAÇO DOS EMBUSTES !..)
- «O grande cartaz, exibido na fachada do templo da Igreja Internacional da Graça de Deus, no Brasil, (que já tem em Portugal 6 igrejas na zona de Lisboa e sul do Tejo) anuncia:
"Desencapetamento Total" (expulsão total do diabo) e cura de todos os vícios e maleitas.
No entanto, de acordo com notícias publicadas pelo "Guia Digital" de Panambi, um dos seus "ministros de culto" foi preso e, acusado de abusos sexuais a criança de 9 anos, ao ser interrogado alegou que "são coisas do diabo".
Afinal, ele expulsava o diabo do corpo dos outros, e não o expulsou do seu próprio corpo.» («Em casa de ferreiro, espeto de pau!», n'O CALHAMAÇO DOS EMBUSTES !..) - «No L.A. Times há um artigo interessante onde William Lobdell conta como ser repórter numa coluna acerca de religião o converteu de Cristão renascido em ateu. Resumindo, quanto mais descobria acerca de como funciona a fé e a religião na prática mais difícil lhe era acreditar num ser omnipotente e benevolente. Parece que até para os crentes mais fervorosos há alguma esperança.»(«Perdendo a fé.», no Que Treta!)
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segunda-feira, julho 30, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Leão XIII declarou que a democracia é incompatível com a autoridade da Igreja na bula Immortale Dei. Por causa da opressão da religião dominante, crentes de diversas religiões tinham fugido para os Estados Unidos da América, onde a sua Constituição, elaborada por deístas, utilitaritas e outros descrentres, garantiam a liberdade religiosa num estado laico.»(«Religião e moral; a história do cristianismo como exemplo», no Crer Para Ver)
- «Com um profundo conhecimento das principais religiões deste mundo e dos textos que as promovem (mas também a par de uma peculiar visão do mundo e da política, principalmente a internacional), Christopher Hitchens demonstra-nos, por exemplo como a religião é a causa da perigosa repressão sexual das pessoas ou da deturpação das verdades históricas e científicas, e propugna por uma sociedade secular baseada na Razão e na Ciência.» («God Is Not Great», no Random Precision)
- «A teoria da Queda Inteligente era até aqui a minha sátira preferida já que mimetiza na perfeição o discurso criacionista. De acordo com a sátira da Onion, os proponentes da Queda Inteligente, «cientistas» do Centro Evangélico para a Explicação Baseada na Fé, ECFR, afirmam que a «teoria da gravidade» tem falhas e que as diferentes teorias utilizadas pelos físicos «seculares» para explicar a gravidade não são internamente consistentes pelo que mesmo os críticos da Queda Inteligente admitem que as ideias de Einstein sobre a gravidade são irreconciliáveis matematicamente com a mecânica quântica. Estes factos provam que a gravidade é uma teoria em crise, facto irrefutável que apenas a visão materialista e ateísta dos seus proponentes impede reconhecer.»(«Desenho Químico Inteligente», no De Rerum Natura)
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quinta-feira, julho 26, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Não peço provas irrefutáveis. Peço apenas uma forma de distinguir entre sentir mesmo um deus ou julgar que se sentiu um deus mas ser engano, epilepsia no lobo temporal, ou outra coisa qualquer. E aqui costuma entrar a desculpa do amor: sentir deus é como estar apaixonado. Se estamos, sabemos o que é, e a quem não está não se pode explicar. É sempre comovente, esta explicação.
Mas não satisfaz. A paixão é um estado interno. Claro que senti-la diz-nos muito acerca do que sentimos. Mas considere-se tudo o que vem associado e que imaginamos acerca do objecto da nossa paixão. O seu carácter, a sua lealdade, a simpatia, como somos feitos um para o outro, e tantas outras coisas que, se nos fiarmos só na paixão, nos vão meter certamente em maus caminhos. Até a sua existência. Lembro-me, em miúdo, de estar apaixonado por uma princesa de um filme qualquer. A paixão era real. A princesa nem por isso.»(«Experiência... mas de quê?», no Que Treta!) - «Nas organizações religiosas geralmente o objectivo da fé é a obediência. Existem até mitos em que a desobediência e o conhecimento tornaram-se a causa de todas as desgraças: para os católicos é a felix culpa. Mas não é o próprio Deus que vem ter connosco dizer o que quer, são necessários intermediários: os sacerdotes. Na práctica, é a eles que se obedece.» («Fé e dúvida», no Crer Para Ver)
- «Para estes dominionistas, a democracia «é o primeiro passo para o fascismo» e a sua primeira linha de acção passa pela afirmação da supremacia das lei de Deus sobre as iníquas leis dos homens, nomeadamente pela aplicação de castigos «bíblicos» aos «pecados bíblicos», isto é, pena de morte para «crimes» como a homossexualidade, adultério, apostasia, heresia, aborto e muitos outros.»(«Ideias realmente perigosas», no De Rerum Natura)
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segunda-feira, julho 23, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Eu nunca vi mamilos de lontra, mas creio que as lontras os têm. Alguns crentes dirão que isto prova que o conhecimento científico é igualzinho à fé religiosa. Uns crêem nos mamilos de lontra sem nunca os terem visto, outros crêem em deuses sem nunca os terem visto. É a mesmíssima coisa.
Só que não. Uma grande diferença é a atitude perante a possibilidade de erro. E se não for como eu penso? Se procurar na lontra toda e não vir vestígio de mamilos mudo de ideias. Não vou postular mamilos invisíveis, transcendentes, metafísicos. Nem mamilos omnipotentes a saltar para as costas da lontra quando lhe examino o ventre, testando a minha fé no Mamilo. Se não tem, não tem. Mudo de crença. Agora perguntem ao crente religioso como ele encara a possibilidade de se enganar. E se não existirem deuses? Como é que sabe? É mamilos invisíveis até onde a vista alcança...»(«E se não for?», no Que Treta!) - «O que importa é a Transcendência. Notem o T maiúsculo. É essa propriedade dos Blin que os coloca totalmente à parte de qualquer refutação empírica. O efeito foi imediato, devolvendo aos crentes o fundamento da sua fé nos Blin e simplificando toda a argumentação Blinológica. Conta-se que São Gervásio, sempre pragmático, até fez um bom dinheiro vendendo cartões onde se lia, em bela fonte gótica:
«Esse argumento/exemplo (riscar o que não interessa) é completamente inadequado porque os Blin Transcendem _______________________________________.»
Mesmo as dúvidas mais profundas podiam agora ser dissipadas com um simples gesto da pena.» («Transcendência», no Que Treta!) - «Acontece é que reconheço como modesto o impacto da minha crença ou descrença. Por crer numa mentira consigo apenas enganar-me; não tenho o poder de a tornar verdade só de acreditar. E se duvido de uma verdade não a torno menos verdadeira. A minha dúvida não faz mossa. Posso crer. Posso descrer. O universo não se importa.
Isto é libertador. É um alívio. Não tenho medo de pensar, de duvidar, de colocar perguntas ou tentar compreender as coisas por mim. Nem me sinto obrigado a acreditar. A realidade resiste à dúvida, e nunca vou estragar nada só por falta de crença. Posso ter a opinião que quiser sem que tudo fique uma lástima, e posso mudar de opinião sempre que encontrar uma melhor.»(«Lástima...», no Que Treta!)
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quinta-feira, julho 19, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Crente fundamentalista: Tenho a certeza absoluta que 2+2=5 porque está Escrito.
Crente «moderado»: Normalmente considero que 2+2=4, mas admito que já tenha sido 5, possa vir a ser 5, e na minha dimensão espiritual e de realidade transcendente parece-me óbvio que 2+2=5.
Ateu «moderado»: Eu sei que 2+2=4, mas não ando por aí a dizê-lo porque pode ofender quem acredita que 2+2=5.
Ateu «militante»: Olhem lá. Tenho um, dois seixos. Junto mais um, dois seixos. Fico com um, dois, três, quatro seixos. Mas qual é o vosso problema?» («We all seem to be in an arithmetical mood today», no Pharyngula, e traduzido livremente no Que Treta) - «E interrogam-se sobre quem financiará esta campanha do fundamentalista islâmico que no seu website afirma querer desmascar a «impostura dos evolucionistas» e a ligação entre a ciência e (todos) os males do mundo moderno como sejam o fascismo, comunismo e terrorismo, ao mesmo tempo que pretende encorajar os leitores a abrir as suas mentes [até que os miolos caiam] e corações e guiá-los para serem mais devotados servos de Deus.» («Tijolo criacionista nos Estados Unidos», no De Rerum Natura)
- «Voltando ao tema criacionismo, em Dezembro de 2006 o Guardian divulgou um podcast sobre este tópico, a ofensiva criacionista em Inglaterra, envolvendo igualmente o professor Wolpert e em que podemos ouvir o paleontólogo Simon Conway Morris e Richard Buggs, do TIS. O podcast surgiu na sequência da descoberta que um número desconhecido de escolas britânicas apresentavam aos seus alunos o material anti-ciência que, tal como o tijolo criacionista com que o Paulo foi agraciado, o TIS ofereceu aos professores responsáveis por ciência de todas as escolas secundárias britânicas.»(«Criacionismo na BBC», no De Rerum Natura)
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segunda-feira, julho 16, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Como alguns comentadores apontaram, o pénis também tem uma função excretora. Só um homem muito sortudo, ou quase cego se acreditarmos na Igreja Católica, é que o utilizará com mais frequência para outro fim. Mas a canalização é a mesma. E mesmo que se condene também o sexo oral pela tal confusão que "não se deve" fazer, ainda assim é má educação passar à actividade generativa sem, pelo menos, uns beijinhos primeiro. Só a reprodução in vitro resolve as coisas sem "confusões".»(«Treta da Semana: em nome da biologia.», no Que Treta!)
- «A leste de Santa Fé fica situado um dos locais mais bizarros do planeta, perto da pacata comunidade de Trementina, onde vivem cerca de 200 pessoas. Uma vista aérea da zona revela uns géoglifos geométricos deveras estranhos, que poderiam passar por símbolos inscritos pelos índios Nasca (entre III aC e VIII) no planalto do mesmo nome no Peru. O geóglifo é o símbolo oficial de uma corporação da Igreja da Cientologia designada como Church of Spiritual Technology e, de acordo com um artigo do Washington Post de 2005, identifica a propriedade como um local apropriado para os portais de regresso das viagens no espaço-tempo dos cientologistas do futuro, que a Igreja prevê serem grandes navegantes das estrelas.» («Cientologia: doenças mentais são fraude», no De Rerum Natura)
- «A última ofensiva criacionista nos Estados Unidos: surge mais uma organização supostamente de «caridade», na realidade uma organização anti-ciência.
A secretária de educação do estado de Hessen, na Alemanha, Karin Wolff, anda há cerca de um ano a tentar introduzir o criacionismo nas aulas de ciência do seu Estado.»(«Ofensiva criacionista na Europa contra-ataca», no De Rerum Natura)
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sexta-feira, julho 13, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Aliás, seria um exercício jornalístico bem curioso saber o montante dos apoios públicos de que a igreja tem beneficiado nos últimos anos. Por exemplo, quanto dinheiro recebeu a U. Católica e comparar com o que não terão recebido as outras Universidades não públicas.
Depois há a questão da Concordata - está assinada e ainda não regulamentada. Mas esse acordo nunca devia ter sido feito. Para mim, a Concordata está no sentido oposto da interpretação razoável do espírito do art. 41.º da CRP - julgo-a materialmente inconstitucional já que subalterniza as demais confissões religiosas relativamente à ICAR. Portugal deveria denunciá-la e aplicar integralmente a Lei da Liberdade Religiosa.
Claro que isso não irá acontecer, todos o sabemos..»(«Pois é, pois é... (III)», no Blasfémias) - «Maomezinho, que não sabia ler, estava na sua caverna, quando ouviu uma voz que disse "Leia, em nome do deus que criou os homens." À noite, um anjo apareceu para ele em sonho várias vezes, e outras vezes durante o dia, em carne e osso.
Então, 11 anos depois, o anjo trouxe um cavalo alado, que levou Maomezinho até Jerusalém, e depois o levou para visitar o céu. Depois, o anjo trouxe Maomezinho de volta. O anjo continuou fazendo revelações a ele por 23 anos. Tudo o que o anjo disse ao Maomezinho foi registrado por escribas em um livro chamado Corão» («Bolhas de Ilusão», no Godless Liberator) - «Mas eis que o próprio Capelão do Senado se lembrou de convidar um padre hindu, de nome Rajan Zed para ser ele a fazer desta vez as habituais macaquices, louvaminhices e rezas de abertura da sessão do Senado de ontem, dia 12 de Julho.
E lá foi ele dizer estas lindas baboseiras:
"Nós meditamos na glória transcendental da Divindade Suprema, que está dentro do coração do mundo, dentro da vida do céu e dentro da alma do Paraíso. Que ela possa estimular e iluminar os nossos pensamentos. Paz, paz, que a paz esteja com todos vós".
Enfim: não quer dizer absolutamente nada, mas é bonito à mesma, não é?
Pois é: mas o pior é que houve muita gente que não gostou!»(«O Monopólio da Imbecilidade», no Random Precision)
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quinta-feira, julho 12, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Nada pode garantir isso. Durante mais de mil e quinhentos anos julgava-se que sim. A autoridade determinava a verdade. A Bíblia, Aristóteles, o Papa, os doutores da Igreja. Para saber alguma coisa consultava-se a autoridade. Uma vez que a autoridade desse a verdade última podia-se deduzir consequências com a lógica aristotélica, mas observações eram só a título de exemplo e de pouca importância. Aristóteles disse que as mulheres eram seres inferiores e tinham menos dentes. Se ele disse, era verdade. Ir contar só baralhava e era perda de tempo.[...]
A maior descoberta foi que o mundo que nos rodeia tem muito mais informação que o umbigo. Mesmo que seja o umbigo de um santo ou de um filósofo. Mas alguns ainda insistem nesta treta da verdade última e na teologia como forma complementar de compreender. Não é. Usar a vassoura ao contrário não é uma forma complementar de varrer. É asneira. O cabo não varre nada e as cerdas só espalham pó. Derivar o conhecimento da autoridade é fazer as coisas ao contrário. É o conhecimento que obtemos por observação que nos dá autoridade para dizer o que é e o que não é.
Mas têm razão numa coisa. A ciência nunca dará a sensação de termos a verdade última. Essa sensação só vem da ignorância.»(«Ao contrário.», no Que Treta!) - «Na Ciência incentiva-se que os erros sejam criticados e corrigidos, ao invés de colocar a poeira debaixo do tapete. Na Ciência não existem livros sagrados nem sacerdotes do conhecimento que definem leis inquestionáveis.
A imaginação tem possibilidades ilimitadas. O método científico é aberto a essas possibilidades, mas selecciona as mais aptas que sobrevivem com o tempo pela poda da dúvida. Podem chamar fé a isso, mas se a vossa fé não é assim, então não é a mesma. Usar a mesma palavra para duas coisas diferentes não as torna iguais.
É verdade que a Ciência é limitada. É por isso mesmo que é útil. Não tem respostas para tudo, mas reconhecemos os méritos pelos resultados. Para as crenças merecerem o mesmo respeito, devia-se exigir o mesmo. Quanto a isso, há uma constante decepção na ilimitada estupidez dos dogmas, também chamados de Verdade.» («Ciência e dogma», no Crer para Ver) - «Só que as semelhanças com a reacções às caricaturas de Maomé não se ficam por aqui: como as religiões são mesmo todas iguais, também os jovens membros do «Muthiko Alaiak» tiveram de tomar medidas não só para proteger o cartaz até à hora do desfile, mas tiveram inclusivamente de contratar seguranças pessoais, ante a persistência das ameaças de que têm sido alvo por parte de muitos fervorosos e piedosos católicos que têm formas mais peculiares de manifestar a sua indignação e de amar o próximo como a si mesmos.»(«O Falangista», no Random Precision)
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terça-feira, julho 10, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Enquanto o Desenho Inteligente ou neo-criacionismo tenta disfarçar os seus propósitos religiosos sob uma capa de pseudo ciência, os criacionistas puros e duros pelo menos são mais honestos intelectualmente. De facto, assumem abertamente não só os seus pressupostos - nas palavras de Ken Ham «A Bíblia é a palavra de Deus, a sua história é realmente verdade, estes são os nossos pressupostos ou os nossos axiomas» - como o seu desprezo pela ciência, em especial pelo evolucionismo, que asseveram estar «a virar inúmeras mentes contra o evangelho de Cristo e a autoridade das Escrituras», para além de ser responsável por tudo e mais umas botas, da tragédia de Columbine à morte de Steve Irwin, o conhecido "Crocodile Hunter".»(«Uma crítica construtiva», no De Rerum Natura)
- «No meio dos seus delírios religiosos George W. Bush não tem qualquer pejo em confidenciar-nos como vai longe a lucidez que se esperava do governante mais poderoso do mundo, há muito substituída pela irracionalidade e pela loucura fanática de uma fé completament alucinada:
"Estou a cumprir uma missão que Deus me confiou. Deus disse-me: George, vai combater os terroristas no Afeganistão. E eu fui. E depois Deus disse-me: George, vai acabar com a tirania no Iraque. E assim fiz"
"E agora, mais uma vez, sinto que ouço as palavras de Deus: Vai arranjar um Estado para os palestinianos e estabelecer a segurança em Israel. E, por Deus, vou conseguir esse objectivo".» («Governar em nome de Deus», no Random Precision) - «A história da igreja católica é conhecida - os factos estão estudados, foram analisados e comentados por estudiosos das mais variadas orientações. Sabe-se das condenações oficiais do lucro, da anatemização do "juro" e da censura clerical dos mais rudimentares princípios da liberdade económica (e não só). De há muitos séculos a esta parte este foi o tom oficial.
Também se conhece bem a história da Inquisição e os efeitos tremendos que as perseguições e convivência centenária com a intolerância aportaram. A história da igreja católica, certamente, não se resume à Inquisição mas é impossível compreender uma sem a outra - e o caso português, neste particular, constitui um verdadeiro case study.»(«O "EQUÍVOCO MOLINA"», no Blasfémias)
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sábado, julho 07, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Por exemplo, o relato Blínico da criação fala-nos da Papa de Aveia primordial de onde foi criada toda a Terra. Do leite que sobrou foi formado o Coalho, que os Blin, na Sua sabedoria, transformaram em Queijo Fresco, criando assim a Lua. De Galileu ao início do século XX isto era apontado por muitos como contradizendo o conhecimento científico, pois observava-se que a Lua seria composta por rocha e cinza mineral, não por queijo fresco.
Com o advento da mecânica quântica a ciência teve que recuar e admitir a viabilidade do relato Blínico. Sabemos agora que toda a matéria é composta por partículas sub-atómicas, e que a rocha e o queijo fresco são apenas arranjos diferentes dessas mesmas partículas. Deixa de haver contradição, pois a Lua é assim precisamente rocha e queijo fresco em simultâneo, num sentido quântico e metafísico transcendente. E alguns cientistas até admitem a incapacidade de provar categoricamente que o núcleo da Lua não contenha queijo fresco. Sendo que o relato Blínico não contradiz a ciência, justifica-se depositar nele a nossa fé absoluta. E justifica-se rejeitar a ciência caso seja novamente contrária a este relato metafísico revelado. Afinal, a ciência muda, mas o relato Blínico é sempre o mesmo.»»(«Ecumenismo Blínico.», no Que Treta!) - «Ser Cadete: Código de Honra 9. O Aluno da Academia Militar ama devotadamente a sua Pátria e forja os seus ideais no culto dos grandes valores humanos e cristãos que a encheram de glória no passado. [...] É completamente inaceitável que o Código de Honra da Academia Militar faça menção ao cristianismo. Seria suficientemente grave que qualquer escola ou universidade pública submetesse os seus alunos ao respeito dos "valores cristãos". Que os militares, que são quem no limite deve garantir a segurança e estabilidade do regime, tenham um código de ética que vai contra a Constituição é duplamente grave. Impõe-se a denúncia deste caso e a alteração do referido código.» («Pela Laicização da Academia Militar», no Blogue Liberal Social)
- «Para manter as aparências as seitas não podem pôr anúncios nos jornais ou na TV, por exemplo, dizendo que a seita X leva o adepto mais depressa para a salvação (o que quer que isso seja) sem estragar o fato. Têm que ser mais subtis, arranjam uns programas pseudo-culturais em que o objectivo é o mesmo, enviam visitantes a casa, ou abordam os incautos na rua. É isto o proselitismo. Acusar uma seita, como a ICAR, de proselitismo é o mesmo que acusar uma vaca de dar leite, ou uma águia de voar: faz parte da sua natureza e sem essa atitude não sobreviveriam.»(«O proselitismo das religiões», no Croquete-matinal)
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segunda-feira, julho 02, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Mas é errada a premissa criacionista que qualquer complexidade indica desígnio. Um fio emaranhado é mais complexo que um novelo. Uma faca de pedra polida tem uma forma mais simples que a rocha original, irregular e assimétrica. O que temos que considerar não é se os seres vivos são complexos - são - mas se têm a complexidade que se espera de um design inteligente. E essa não têm.
Normalmente, o propósito de algo concebido com inteligência é aparente no próprio design. Uma espada, um automóvel, uma muralha de pedra, uma fábrica de rolhas de cortiça. Mas nos seres vivos não. Peixes com pulmões, moscas, pinguins, trezentas mil espécies de escaravelho. Uma diversidade enorme sem que se vislumbre um propósito, nem na vida como um todo nem em cada espécie. Não se pode garantir a ausência de propósito, mas esta complexidade caótica não sugere uma criação inteligente. Pelo contrário.[...]
Isto é inconcebível num sistema criado com inteligência. Mais uma vez, é o padrão esperado por um lento acumular de mutações aleatórias seleccionadas pela reprodução dos organismos.
A complexidade da vida na Terra é como a complexidade dos flocos de neve, das tempestades, das correntes oceânicas, dos diamantes ou do fluxo turbulento. É a complexidade de processos naturais sem propósito nem inteligência. E o contrário do que se esperava de um acto metódico, racional e deliberado. Design incompetente? Talvez. Design inteligente está fora de questão.»(«Miscelânea Criacionista: A complexidade.», no Que Treta!) - «Aqui quis apenas dar outro exemplo que contradiz o criacionismo. É falso que as mutações só façam perder capacidades. É falso que as mutações não possam criar novos genes. Para o debate com os criacionistas não adianta dizê-lo nem mostrar evidências. Eles não querem dialogar. Querem rezar, repetindo sempre as mesmas coisas e tentando não ouvir nada do que se lhes diz. Mas pode ser que ajude a criar resistências, «enzimas mentais» para destruir mais umas tretas criacionistas.» («Penicilina.», no Que Treta!)
- «Trocando por miúdos, diz que a ciência não refuta a bíblia. Engana-se. O dilúvio global é tão compatível com a ciência moderna como a Lua ser feita de queijo. A torre de Babel é tão real como o peixe de Babel. E a queda só explica alguma coisa se tiver sido de cabeça. Mas mesmo que fosse. Vamos supor que um deus acenou a varinha mágica e tudo isto aconteceu sem deixar vestígios. O problema é que este «quadro interpretativo» não serve para nada. Nem para enfeitar serve, este universo das Caldas.
Não faz sentido acreditar em algo só porque não foi refutado. Não vou passar os dias com medo do homem invisível que ninguém pode provar não me perseguir. Para usar o famoso exemplo de Bertrand Russell, é disparate acreditar que há um bule de loiça a orbitar Plutão mesmo que não se prove o contrário. Não podemos viver assumindo como verdadeiro tudo o que não provamos ser falso.[...]
Sem nada para dizer, têm que falar muito para compensar. Repetem perguntas que já foram respondidas inúmeras vezes. Dizem que a evolução não explica mas também nunca explicam nada com o criacionismo. Afirmam barbaridades como esta de nada na ciência contradizer o dilúvio. Distorcem a ciência chamando «acaso» a qualquer processo natural, como se fosse preciso uma grande sorte para cozer um ovo ou digerir uma maçã. O resultado é só conversa fiada.»(« Miscelânea Criacionista: Blá, blá, blá...», no Que Treta!)
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quinta-feira, junho 28, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «E nenhum aceita as ferramentas do diálogo. Rejeitam as observações que partilhamos, o católico alegando ser um problema «supra empírico» e o criacionista insistindo que é tudo questão de interpretação. E rejeitam a razão, o católico afirmando que a fé a «transcende» e o criacionista inventando milagres sempre que cai em contradição.[...]
É esta diferença de atitude que contrasta ciência e religião. A ciência é uma actividade descrente baseada no diálogo. Valoriza a opinião discordante que prevalece por ser consequência racional de premissas aceites por todos, principalmente observações que todos podem partilhar. A religião é um monólogo a dois. O crente fala com o seu deus com ritual e repetição, dizendo sempre a mesma coisa na esperança que se torne verdade. O deus fala com o crente por decreto. O livro sagrado tem que ser levado à letra ou interpretado pelo representante oficial do deus. A dissensão é punível. É pecado.
É fácil dialogar com o crente que não discute a sua fé. Discute-se outras coisas, por vezes bem interessantes, e deixa-se a fé em paz. Mas só é diálogo se for sem fé, e só é fé se não admitir diálogo.»(«Diálogo difícil, parte 3.», no Que Treta!) - «Nesta entrevista Richard Dawkins diz (mais ou menos isto) a determinada altura:
"De facto, há uma coisa sobre a qual vale a pena meditar se acreditarmos em algo que, se pensarmos bem, nós próprios nos apercebemos que em nada difere e que tem tão pouca substância ou razoabilidade como um qualquer conto de fadas dos irmãos Grimm."» («O Conto de Fadas», no Random Precision) - «§2370 - "É intrinsecamente má toda a acção que, ou em previsão do acto conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação".»(«Every Sperm is Sacred (Ou como fazer das taras sexuais o fundamento doutrinário de uma religião)», no Random Precision)
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segunda-feira, junho 25, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Eu nunca vi o meu pai bebé nem tartaruga. Se o meu pai me disser que já foi bebé eu acredito que sim. Mas se me disser que já foi tartaruga eu duvido da afirmação e da sua sanidade. Não é uma questão simples de confiar no meu pai. Não se reduz aos extremos de confio ou não confio. É a tarefa mais complexa de comparar a afirmação com a imagem coerente que eu tenho da realidade, testar (a tal prova) a sua compatibilidade, e decidir, no caso de serem incompatíveis, se revejo o modelo ou rejeito a afirmação. O meu modelo é compatível com um bebé crescer e envelhecer, mas incompatível com o meu pai ter sido tartaruga. Como as evidências em que apoio o modelo (com que o provei, no sentido de testar) são mais sólidas que a afirmação que o meu pai foi tartaruga eu rejeito a afirmação. Mesmo vinda de alguém em quem normalmente confio.
A proposta de «ter confiança nos testemunhos» é inaceitável porque exige uma confiança extrema que ignora outros factores. A confiança sensata depende de como o testemunho encaixa num modelo assente em evidências. A confiança cega que os crentes defendem não pode ser base para um diálogo. É arbitrária. Porquê confiar naquele testemunho e não naquele outro que o contradiz?
[...] Mas o crente parte de premissas que já sabe que o ateu rejeita. Alega que nada de empírico é relevante, pondo de parte todas as observações que possa partilhar com o interlocutor. E, finalmente, afirma que a fé transcende a razão. O que sobra? Nada. É esse o diálogo...»(«Diálogo difícil, parte 2.», no Que Treta!) - «O Conselho da Europa reconheceu recentemente o mesmo (agradeço ao Luís Azevedo Rodrigues a informação) em termos que não deixam dúvidas. Vale a pena ler a proposta da Comissão de Cultura, Ciência e Educação na íntegra, que aborda, entre outros indícios preocupantes, a disseminação do tijolo criacionista.» («Criacionismo no Conselho da Europa», no De Rerum Natura)
- «É então que Hitchens passa ao ataque:
"Tenho de reconhecer a coragem e a honestidade de Lewis, porque, de facto, ou os evangelhos correspondem, de alguma forma, a uma verdade literal ou, pelo contrário, tudo aquilo não passa de uma fraude. Bem, o que é verdade é que se alguma coisa se pode afirmar com toda a certeza, e até com as provas por eles próprios fornecidas, é que os evangelhos podem ter tudo menos uma correspondência com uma verdade literal...".»(«God is Not Great: How Religion Poisons Everything», no Random Precision)
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quinta-feira, junho 21, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Temos que partir daquilo em que concordamos. Por exemplo, que Odin não é um deus de verdade. Não é irrefutável, não é dogma, não é algo que eu não pretenda demonstrar ou não possa justificar. Mas é uma opinião que partilho com o Bernardo e com muitos outros crentes. É um bom ponto de partida para um diálogo porque não precisamos perder tempo a discuti-lo. Outra premissa útil é que uma longa tradição religiosa considerou Odin um deus de verdade. Não é axioma, mas é outra premissa aceitável. E destas premissas deduz-se que a tradição religiosa não justifica a crença num deus.
Partindo de premissas aceites por todos e seguindo um raciocínio que todos considerem válido garante-se que todos irão concordar com a conclusão, seja qual for a sua opinião inicial. Assumindo que estão honestamente interessados no diálogo. Quem admite que A é verdade e que A implica B mas mantém a sua fé que B é falso não quer dialogar. E se cada um se limita a proferir os dogmas que considera irrefutáveis ninguém se entende. Como exemplo, aponto mil e quinhentos anos de animado diálogo entre o Cristianismo, o Judaísmo e o Islão.»(«Diálogo difícil, parte 1.», no Que Treta!) - «Os mitos de destruição escatológica, que se traduzem na crença num apocalipse seguido de um julgamento final para alguns, são característicos de religiões sortidas, dos Maias aos Hindus. A ideia de que uma força maior efectivará a vingança das provações dos «justos», que aqueles que vemos como os nossos opressores sofrerão horrores inimagináveis, nem que seja no fim dos tempos, tem um apelo evidente para muitos.» («Apocalipse Now», no De Rerum Natura)
- «Tal como acontecia na ocasião, também agora os sunitas e os shiitas continuam a lutar no Médio Oriente, os muçulmanos e os hindus na Caxemira, os budistas e os hindus no Sri Lanka, e os muçulmanos e os judeus em Israel.
Mas duas coisas acontecem agora nesta nossa época pós-moderna e pós-Guerra Fria: a religião, frequentemente disfarçada de pressupostos ou fundamentos étnicos regressou à arena política; e as religiões continuam sem saber como conviver em paz umas com as outras.»(«Será que é realmente possível aprendermos a gostar das pessoas que não são como nós?», no Random Precision)
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terça-feira, junho 19, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Em casos como o João César das Neves a verborreia sempre limita a densidade de disparates, com a palha a roubar espaço à treta nos interstícios. Mas, em geral, incomoda-me a falta de consideração pelo leitor ou ouvinte. As palavras desnecessárias só dão trabalho a ler e fazem perder tempo. As frases mal estruturadas mostram que o importante era pôr as palavras cá fora e não quem as quer pôr de novo lá dentro. Termos confusos e ambíguos proclamam "não tenho nada de jeito a dizer mas ouçam-me à mesma".»(«Treta da Semana: A verborreia.», no Que Treta!)
- «O Museu da Criação perverte assim tudo o que sabemos sobre a História Natural. Os Museus de História Natural desenvolveram-se com o espírito iluminista, tentando abrir e mostrar a todos colecções enciclopédicas de objectos naturais abertos a investigação e organização. A evolução darwiniana trouxe a primeira teoria a esta massa de dados mais ou menos caótica. E a moderna genética proporcionou à evolução a sua base teórica num contexto bioquímico. Cada vez que tomamos vacinas anti-gripe confiamos implicitamente na teoria da evolução e selecção natural feita em tubos de ensaio.
Do ponto de vista do Museu da Criação, a catástrofe é recente: tudo começou quando a autoridade literal da Bíblia foi abandonada pelos filósofos da Igreja que a começaram a tomar em sentido apenas figurado e não literal, bem como pelos filósofos do Iliminismo. Para o Museu e seus ideólogos, foi o plano inclinado que levou à crise actual do livre pensamento, do qual Deus nos guarde.» («A CRIAÇÃO ESTÁ PRÓXIMA!», no De Rerum Natura) - «Mas a mecânica quântica, a física nuclear e a relatividade geral também merecem as atenções dos «cientistas» com senso comum. Assim, consideram que a mecânica quântica, a relatividade e a física nuclear são anti-ciência e anti-biblícas. Consideram ainda que o atomismo "é incompatível com os princípios judaico-cristãos porque o atomismo apresenta a matéria independente de Deus, seja porque existe por toda a eternidade e nega a criação por um Desenhador Inteligente seja porque os seus movimentos e acontecimentos são independentes do controle por um Ser Soberano".»(«Física Bíblica», no De Rerum Natura)
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quinta-feira, junho 14, 2007
Ateísmo na Blogosfera
- «Bem e mal são classificações que damos a actos voluntários. A algo que se faz, e não algo que é. Dizer que Deus é o Bem é tão disparatado com dizer que Deus é o Espirro.[...]
Um acto é bom ou mau porque Deus decide, e pronto. Quando no antigo testamento Deus aconselhava os pais a apedrejar as filhas que descobrissem não ser virgens, isso era bom por definição. Supostamente, entretanto mudou de ideias e agora é mau. Ora isto não é ética. É capricho. O bem e o mal não pode ser assim à escolha do freguês. Nem mesmo que seja o Freguês.»(«Ética, parte 3: Deus?... Para quê?», no Que Treta!) - «Quando temos gripe espirramos. Porquê? Uma possibilidade é que espirrar traz ao engripado vantagens que compensam a energia despendida. Mas não há evidência de tais vantagens para quem espirra. Por outro lado, o espirro é óptimo para o vírus. Apanha boleia nas gotinhas e assim espalha-se por vários hospedeiros. A hipótese mais provável é que o espirro é uma adaptação do vírus, e não do hospedeiro. O vírus evolui e adquire características úteis à sua propagação. Fazer espirrar, por exemplo.
Podemos ver uma situação semelhante em vários conjuntos de memes. É típico das religiões condenar a apostasia e exortar os fiéis a ensinar a sua religião aos filhos. São também comuns os rituais e credos que têm que ser executados ou proferidos sempre da mesma exacta maneira. Nada disto beneficia o crente ou o seu deus. Quem beneficia com a repetição à letra do «Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome...» é esse meme, que assim é propagado com alta fidelidade. Tal como os vários genes de um vírus, os vários memes de uma religião colaboram para a sua propagação. Não em benefício do hospedeiro, mas em benefício daquele conjunto de comportamentos propagados por imitação.» («Memes.», no Que Treta!) - «Mas, mais importante ainda, o Museu do Criacionismo desvenda-nos finalmente essa gigantesca conspiração de cientistas por esse mundo fora que se dedicam exclusivamente a propagar esses tenebrosos mitos ateístas, como o são o Evolucionismo ou os diferentes métodos de datação, como por exemplo por Carbono-14.
Logo à entrada, todos os visitantes são convidados a "penetrar no espírito" do Museu e são aconselhados:
"Não pense, escute somente e acredite"»(«O Museu do Criacionismo», no Random Precision)
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