domingo, setembro 10, 2006

 

E ainda Darfur

A Human Rights Watch informa que o governo do Sudão está a bombardear as (poucas) aldeias que não foram destruídas no norte de Darfur. Estes ataques surgem numa altura em que Cartum pretende que a força de paz da União Africana saia do terreno e rejeita peremptoriamente o envio de uma força de paz da ONU. Aliás, num comício no sábado, o presidente sudanês, Omar al-Bashir, pediu «uma mobilização popular e militar» e «que os campos de treios sejam abertos a todos os que são capazes de levar armas para enfrentar qualquer ingerência» das organizações internacionais. Advertindo que o governo sudanês atacará os corpos de paz da ONU se estes forem enviados para Darfur.

Os milhões de sudaneses negros nos campos de refugiados, na sua esmagadora maioria mulheres e crianças, temem pelas suas vidas no caso de a força de paz da UA sair da zona em finais de Setembro, como pretende Cartum. Como diz um dos refugiados num campo em Tawila:

«Se estes soldados (ruandeses da UA) sairem, nós seremos massacrados». Deixando um apelo, «Nós imploramos a comunidade internacional, a alguém, venham e salvem-nos».

A violência crescente contra as ONG's operantes no local tem obrigado a que estas saiam do terreno. Para além das acções militares contra civis do governo de Cartum, a doença e a fome vitimarão muitas mais pessoas em Darfur que as muitas centenas de milhares que já foram vítimas mortais deste conflito.

Uma catástrofe humanitária, um genocídio de dimensões só comparáveis às do Holocausto, ameaça abater-se sobre o Darfur nas próximas semanas, como reconhece, finalmente, a ONU.

A proposta do governo sudanês em substituir os corpos de paz internacionais por tropas sudanesas não merece qualquer credibilidade, especialmente face aos recentes desenvolvimentos. Como afirma a secretária geral da Amnistia Internacional, Kate Gilmore:

«O 'plano de protecção' do governo sudanês é uma fraude e deve ser firmemente rejeitado. Como pode realisticamente o [governo] Sudão - que parece estar a lançar a sua própria ofensiva em Darfur - propor-se como corpo de paz num conflito em que é a parte principal envolvida e um perpetrador de violações graves dos direitos humanos?»

Não esqueçam: 17 de Setembro, o «Dia Global por Darfur». Assinem petições, manifestem-se, mas não deixem sem resposta os apelos dos que irão ser massacrados se ficarmos de braços cruzados!




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