terça-feira, dezembro 05, 2006

 

Rushdie: «A religião foi o maior erro da raça humana»

Foi um prazer assistir à conferência-debate com Salman Rushdie, Cláudio Torres e Anselmo Borges em Santa Maria da Feira, na sexta-feira.

Rushdie defendeu bastante bem a posição ateísta, e repetiu várias vezes, sem que ninguém o contradissesse, que os deuses foram criados à imagem dos homens (e não o contrário). Recordou que muitas mitologias têm um momento em que os deuses desaparecem e os homens têm que assumir as suas responsabilidades, e que entrámos nesse momento histórico a partir do Renascimento, e mais concretamente a partir do Iluminismo. Elaborou um pouco à volta do tema, recorrente nas suas entrevistas recentes, de que provavelmente nascemos com um sentido ético que nos leva a perguntar o que está certo e o que está errado, e que pode portanto levar à religião. E foi bastante claro, após as perguntas do público, sobre aquilo que nos separa dos crentes e dos seus «companheiros de estrada» clericais: não confiarmos nos sacerdotes das religiões para responder a perguntas sobre ética. Quanto ao outro uso da religião que Rushdie mencionou (explicar as origens do mundo e da humanidade), hoje já quase ninguém o leva a sério.

Politicamente, Rushdie denunciou as teses huntingtonianas do «choque de civilizações», explicando que o «mundo muçulmano» é muito diverso e está muito dividido, por exemplo entre sunitas e xíitas. Defendeu vigorosamente que apenas quando o Islão for reinterpretado, como Averróis tentou fazer no seu tempo, poderá evoluir. E recomendou a leitura de «Identity and Violence» de Amartya Sen para uma compreensão de como temos muitas pertenças, da nacionalidade e da região ao clube de futebol e à religião. Mencionou igualmente Richard Dawkins («The God delusion») para esclarecer onde sustenta o seu ateísmo.

De um modo geral, ignorou as perguntas do público.




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