quarta-feira, setembro 26, 2007
A resposta das mulheres sauditas
Duas mulheres sauditas responderam com violência depois de abordadas pela Polícia da Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, que criticara a sua forma de vestir «desapropriada» (estariam de cara à mostra?). Terão gritado insultos e atacado a polícia com «spray» de pimenta.
Esperemos que este género de resposta se generalize. Que as hormonas as libertem da opressão das «Comissões de Virtude». E que Epicuro e Voltaire iluminem o caminho das mulheres sauditas.
Etiquetas: Arábia Saudita, clericalismo, Islão
sexta-feira, setembro 21, 2007
Uma nova crise com cartunes?

Os desenvolvimentos mais recentes incluem uma ameaça de morte vinda da Al-Qaeda no Iraque, com oferta de recompensa monetária de 100 mil dólares pela cabeça do artista («150 mil se for degolado como um cordeiro»), e a passagem à clandestinidade de Lars Vilks, como é evidente. A Repórteres Sem Fronteiras apoia-o, Lars Vilks diverte-se a mostrar as caricaturas em público, a Argélia condena a Al-Qaeda. O governo sueco, de forma mais inteligente do que o dinamarquês, desculpou-se pela ofensa causada defendendo em simultâneo a liberdade de expressão, e convidou vinte e dois embaixadores estrangeiros para uma conversa amigável. Será essa a diferença face ao caso de há um ano e meio?
Ou será que vamos ver outra vez o mesmo filme? Vamos explicar outra vez o que é a liberdade de expressão? Poderá Maomé passar, por exaustão do outro lado, a ser um alvo de sátiras sem consequências de maior?
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
Etiquetas: Blasfémias, Islão, Liberdade de expressão, Suécia
segunda-feira, setembro 17, 2007
Um pouco mais de coragem
O Henrique Raposo critica a mutilação genital feminina (MGF) e atribui-a ao islão. Ora, como sublinham a Shyznogud e o Tiago Mendes, a MGF está longe de ser exclusiva do islão. A excisão do clítoris é praticada entre cristãos etíopes, judeus da mesma região e animistas. O que não diminui a monstruosidade da prática, nem iliba o islão (ou as outras religiões envolvidas), de responsabilidade: todas estas religiões partilham a fobia (ou terror) pelo prazer das mulheres, e a MGF é útil a cada uma delas para manter a sexualidade feminina controlada. Conclusão: não é a partir de uma ou outra destas religiões que se critica a MGF, mas sim a partir de conceitos exteriores às religiões (como a liberdade individual ou o direito das mulheres ao prazer).
No entanto, se a excisão do clítoris não é um mandamento religioso, mas sim uma tradição cultural de várias etnias africanas, já a mutilação genital masculina (circuncisão) é um mandamento religioso comum ao judaísmo e ao islão. Tem a sua justificação religiosa na «aliança» mitológica estabelecida entre «Deus» e Abraão no capítulo 17 do «Génesis». Não tenho a menor dúvida de que se trata também de uma prática abjecta, quando feita a crianças e sem razões médicas, e que deveria ser condenada pela lei de qualquer país civilizado. A circuncisão pode conduzir à morte (mesmo quando realizada em países medicamente avançados), e, embora não impossibilite o prazer sexual em todos os circuncisados, limita-o para toda a vida (diminui a área do pénis de que se pode tirar prazer, dificulta a masturbação numa maioria de circuncisados, e pode causar várias disfunções sexuais, incluindo a impotência). Quem se preocupa com uma mutilação genital, deveria preocupar-se, em boa lógica, com a outra. Ou será que quem nasce numa religião abraâmica perde o direito à sua integridade física?
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
Etiquetas: cristianismo, Islão, judaísmo, religião
terça-feira, setembro 11, 2007
Ex-muçulmanos, agora na Holanda
É hoje lançado na Holanda o Comité de Ex-Muçulmanos. Grupos semelhantes já foram formados na Alemanha, no Reino Unido, e em países escandinavos. O porta-voz da organização holandesa é Ehsan Jami, um jovem político trabalhista de origem iraniana, que se encontra actualmente sob protecção policial depois de ter sido atacado fisicamente o mês passado.
É na Europa que se vencerá a luta decisiva por uma nova relação entre os indivíduos e o Islão.
segunda-feira, agosto 27, 2007
Proibir o Corão?
O holandês Geert Wilders diz que quer proibir o Corão. O que ele quer é atenção, mas a ideia é péssima. Não se deve proibir o Corão: deve-se criticá-lo, refutá-lo e ridicularizá-lo. Não se proíbe ninguém de ser muçulmano (ou católico, ou cientologista), numa sociedade em que se pode explicar-lhe que «Deus» é uma fantasia intelectual, que os sacerdotes enganam as pessoas e que a religião organizada é uma aldrabice massificada.
O populista holandês diz ainda que o Corão «é fascista e semelhante ao Mein Kampf». É verdade. E outro tanto pode ser dito sobre a Bíblia. Mas o Corão não se proíbe, como também não se proíbe a Bíblia ou o Mein Kampf. As apologias da violência, da discriminação, da instauração de regimes opressivos, como as defesas da escravatura e da opressão das mulheres que estes livros contém, são genuínas e inspiraram alguns dos piores regimes que a humanidade conheceu. Mas privar-nos de as ler seria tirar-nos as armas com que nos poderemos defender. E perder a liberdade de expressão que tanto gozo nos dá exercer.
[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
Etiquetas: Islão, Liberdade de expressão
quinta-feira, junho 21, 2007
Abandonar o Islão
É hoje apresentado em Londres o Conselho dos Ex-Muçulmanos da Grã-Bretanha. A nova organização, liderada pela iraniana Maryam Namazie, apoiará todos aqueles que abandonem publicamente o Islão, e soma-se ao Conselho Central dos Ex-Muçulmanos da Alemanha, lançado em Março passado, e a movimentos de apóstatas do Islão na Escandinávia. Está prevista para Setembro a fundação de uma organização de apóstatas do Islão na Holanda. Todas estas organizações criticam implacavelmente os políticos e os media que escolhem como interlocutores, nas comunidades imigrantes, os dignitários religiosos. Tal como acontece com os outros europeus, a maioria dos cidadãos de origem muçulmana não se sentem representados por fundamentalistas religiosos. Como se pode ler no início do manifesto dos apóstatas de Londres:
- «Nós, descrentes, ateus, e Ex-Muçulmanos, estamos a fundar e a juntar-nos ao Conselho dos Ex-Muçulmanos da Grã-Bretanha para insistir que ninguém seja estereotipado como um Muçulmano com direitos culturalmente relativos, e para que não se considere que somos representados por organizações islâmicas retrógradas e pelos "líderes da comunidade muçulmana".
- Aqueles de entre nós que se têm apresentado publicamente com os seus nomes e fotografias representam muitos outros que não podem ou não querem fazê-lo por causa das ameaças encaradas pelos que são considerados "apóstatas" - algo punido pela morte nos países sob a lei islâmica. Fazendo-o, estamos a quebrar o tabu de renunciar ao Islão e também a tomar uma posição pela razão, por direitos e valores universais, e pelo laicismo.
- Embora ter ou não ter religião seja um assunto privado, a crescente intervenção e devastação causada pela religião e em particular pelo Islão na sociedade contemporânea suscitou a nossa declaração pública de renúncia. Nós representamos a maioria na Europa e um vasto movimento laico e humanista de protesto em países como o Irão.»
Recorde-se que, na religião islâmica, a apostasia é castigada com a pena de morte. Neste dia de tristeza para Alá e Maomé, o Diário Ateísta saúda todos os apóstatas.
quinta-feira, março 01, 2007
Eis uma excelente ideia
Nasceu na Alemanha uma organização que promove a apostasia face ao Islão. Chama-se Conselho Central dos Ex-Muçulmanos da Alemanha e irá competir com o Conselho Central dos Muçulmanos pela representatividade das pessoas de origem muçulmana residentes na Alemanha. É liderada pela escritora Arzu Toker (de origem turca) e pela advogada Mina Ahadi (de origem iraniana). Arzu Toker declarou publicamente que «como disse Nietzsche, Deus está morto e é uma alegria assumir as responsabilidades por nós próprios». Já estão as duas sob protecção policial, dadas as ameaças de morte que começaram imediatamente a receber. Cerca de 120 pessoas já apostasiaram publicamente.
(Notícia via Federación internacional de Ateos.)
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
O paraíso saudita
Conforme já foi várias vezes descrito aqui no Diário Ateísta, a Arábia Saudita é o país, em todo este esferóide que orbita o Sol, que mais se aproxima de realizar o «paraíso» com que sonham os crentes fundamentalistas.
Na Arábia Saudita, não há liberdade religiosa, nem sequer para os estrangeiros. Recentemente, 433 imigrantes fizeram uma festa onde se beberam bebidas alcoólicas e onde os homens e as mulheres dançaram juntos. Foram todos presos, e 20 passarão entre três e quatro meses na prisão. Como se não bastasse, serão açoitados.
O direito a sonhar e a tentar realizar os seus sonhos é legítimo. O que não é legítimo é querer que os outros vivam no «paraíso» dos crentes.
Etiquetas: fundamentalismo, Islão
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