terça-feira, agosto 07, 2007

 

Ateísmo e tolerância

Face à deriva totalitária das religiões e à vocação fundamentalista, que não me cansarei de denunciar, é-me repetida com frequência a pergunta: «E não há fundamentalismo ateu»?

A resposta que tenho dado no Ponte Europa, o meu blog generalista, onde naturalmente mantenho a postura ateia, é afirmativa.

Claro que sou fundamentalista, tal como são fundamentalistas os vegetarianos ou os cientistas. Mas que mal vem daí ao mundo? Um ateu não quer que o Estado o seja e não prega o ateísmo. Já alguém assistiu à prédica de um ateu num púlpito, ao ensino ateísta numa madraça ou à convocação dos correligionários para rezarem pela conversão do mundo ao ateísmo? Seria imaginável que os ateus consagrassem Portugal ao ateísmo?

Do mesmo modo, um vegetariano não considera pecadores os que se babam de gozo com um bife, ovo a cavalo e molho tártaro. E não procuram converter os outros às delícias da soja e dos rebentos de bambu. Nem ameaçam com o inferno os assíduos comensais do leitão à Bairrada.

Também os cientistas não transigem sobre o estado da arte das ciências que dominam. Não aceitam que o Sol gire à volta da Terra, que cadáveres ressuscitem ou façam milagres, que uma rodela de pão ázimo contenha carne e sangue depois de consagrada ou que uma multiplicação possa ter vários resultados. São, pois, fundamentalistas.

E daí? Algum físico quis queimar quem nega a lei da gravidade? Algum astrónomo se enfureceu com quem nega o movimento de rotação da Terra ou quis condenar às penas perpétuas os que estão convencidos de que o Sol gira em torno da Terra?

Aliás, não é o fundamentalismo a lepra maior que corrói o coração dos crentes, é esse cancro maldito do proselitismo, a demência mística dos que querem promover a verdade única na única ideologia onde não há a mais leve suspeita de verdade - a religião.

A desfaçatez com que o ditador Rätzinger proclamou a religião católica como a única verdadeira é uma declaração de guerra a todas as outras pias mentiras que alimentam os parasitas de Deus com várias versões do mesmo embuste. É um convite à guerra santa.




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