sexta-feira, outubro 19, 2007

 

A nova basílica de Fátima

Aprendi na minha actividade profissional, na indústria farmacêutica, que são precisos grandes investimentos para recuperar um produto que está em queda. É o tempo das grandes decisões: ou se abandona a droga ou se investe forte.

Compreendo o dilema dos decisores comerciais de Fátima cujo declínio era esperado com o fim da guerra colonial, a implosão do comunismo da Rússia e os obscenos privilégios de que goza a Igreja católica em Portugal - motivos políticos que levaram a ICAR a promover milagres e segredos.

A fé é directamente proporcional ao sofrimento e atraso dos povos, salvo nos casos de proselitismo musculado onde ninguém se atreve a pôr em causa a bondade divina e a virtude dos clérigos. O Islão é hoje o paradigma de uma crença com que os crentes exultam graças ao espírito de conservação da espécie.

O catolicismo, desacreditado pelo Iluminismo, combatido pela Reforma, metido nos eixos pela Revolução Francesa, sobrevive pela intriga, chantagem e medo do Inferno.

A basílica de Fátima é circular, isto é, tal como Deus não tem ponta por onde se lhe pegue. São 57 mil metros cúbicos de betão onde Deus não vai aparecer (porque só aparece o que existe) destinados a sala de espectáculos com a repetitiva missa para 9 mil clientes sentados.

O espaço circular com 125 metros de diâmetro e 15 de altura reunirá cada vez menos crentes, porque a ciência avança e a fé recua. Um dia será mais um centro comercial a juntar ao universo das grandes superfícies num sítio onde o Sol nunca mais andará às cambalhotas, nem a Virgem saltitará de azinheira em azinheira, nem o anjo virá fazer a revisão às asas.




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