quinta-feira, setembro 15, 2005
Exorcismos na Santa Sé
Em pleno século XXI quando a ciência desvenda as razões fisíco-químicas associadas a comportamentos considerados anormais, a Igreja Católica ainda tenta vender possessões diabólicas e quejandos e treina os seus sacerdotes naquilo que é chamado de «exorcismo real», um mambo jambo de 27 páginas que envolve o uso de litros de água-benta, encantamentos e orações sortidas q.b., incensos, imposição de relíquias ou símbolos cristãos como a cruz, para expulsar os «espíritos malignos» que supostamente possuem o desgraçado que lhes cai nas mãos.
O primeiro curso de caçadores de demónios, realizado no Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, teve aparentemente tanto sucesso e o Demo é uma invenção tão conveniente para justificar as mais abjectas práticas, dirigidas, claro, não a pessoas mas a servos do Demo, que o Vaticano decidiu reeditar em Outubro o seu curso sobre «Exorcismo e oração de libertação».
Entretanto decorre em Roma, no meio do secretismo necessário à profissão, a convenção dos exorcistas católicos, saudados hoje por Bento XVI em pessoa, certamente depois de ter abençoado a estátua do fundador da Opus Dei. O Papa encorajou-os a «prosseguir o seu importante trabalho ao serviço da Igreja». Trabalho que é reconhecido no Catecismo da Igreja que afirma: «Quando a Igreja exige publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objecto sejam protegidos contra a influência do maligno e subtraídos ao seu domínio, fala-se em exorcismo».
Quiçá esta autoridade da Igreja em identificar a obra do Demo não seja suficientemente reconhecida, nomeadamente na Venezuela. De facto, o governo venezuelano não reconheceu qualquer necessidade de aceitar a piedosa oferta do Cardeal Rosalio Castillo Lara de exorcizar Hugo Chávez, certamente possuído pelo próprio Belzebu para cortar o financiamento à «santa» Igreja venezuelana.
Esta descrença na existência do princípe das trevas tem sido tão prejudicial aos cofres ensinamentos da Igreja Católica que, para além desta abundância de cursos na arte de bem exorcizar qualquer mafarrico, o Vaticano se viu na necessidade de actualizar o esquecido ritual de exorcismo, formalizado no ano da Graça de 1614.
Falando agora em demónios modernos no seio da Santa Sé relembro que o Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, onde decorrerão os cursos para charlatães exorcistas, é uma instituição, dita universitária, privada, sustentada pelos Legionários de Cristo e pela Regnum Christi, fundadas pelo padre mexicano Marcial Maciel Degollado, uma «máquina» de angariação de fundos para a Igreja de Roma, sobre o qual pendem há décadas inúmeras acusações de abuso sexual de menores. Todas elas ignoradas pelo Vaticano, que não quer hostilizar uma das suas mais bem conseguidas fontes de rendimento. Estas e outras histórias «edificantes» sobre o patrono dos exorcistas podem ser lidas no «Vows of Silence: The Abuse of Power in the Papacy of John Paul II», de Jason Berry e Gerald Renner ou na análise do livro no National Catholic Reporter.
O primeiro curso de caçadores de demónios, realizado no Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, teve aparentemente tanto sucesso e o Demo é uma invenção tão conveniente para justificar as mais abjectas práticas, dirigidas, claro, não a pessoas mas a servos do Demo, que o Vaticano decidiu reeditar em Outubro o seu curso sobre «Exorcismo e oração de libertação».
Entretanto decorre em Roma, no meio do secretismo necessário à profissão, a convenção dos exorcistas católicos, saudados hoje por Bento XVI em pessoa, certamente depois de ter abençoado a estátua do fundador da Opus Dei. O Papa encorajou-os a «prosseguir o seu importante trabalho ao serviço da Igreja». Trabalho que é reconhecido no Catecismo da Igreja que afirma: «Quando a Igreja exige publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objecto sejam protegidos contra a influência do maligno e subtraídos ao seu domínio, fala-se em exorcismo».
Quiçá esta autoridade da Igreja em identificar a obra do Demo não seja suficientemente reconhecida, nomeadamente na Venezuela. De facto, o governo venezuelano não reconheceu qualquer necessidade de aceitar a piedosa oferta do Cardeal Rosalio Castillo Lara de exorcizar Hugo Chávez, certamente possuído pelo próprio Belzebu para cortar o financiamento à «santa» Igreja venezuelana.
Esta descrença na existência do princípe das trevas tem sido tão prejudicial aos cofres ensinamentos da Igreja Católica que, para além desta abundância de cursos na arte de bem exorcizar qualquer mafarrico, o Vaticano se viu na necessidade de actualizar o esquecido ritual de exorcismo, formalizado no ano da Graça de 1614.
Falando agora em demónios modernos no seio da Santa Sé relembro que o Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, onde decorrerão os cursos para charlatães exorcistas, é uma instituição, dita universitária, privada, sustentada pelos Legionários de Cristo e pela Regnum Christi, fundadas pelo padre mexicano Marcial Maciel Degollado, uma «máquina» de angariação de fundos para a Igreja de Roma, sobre o qual pendem há décadas inúmeras acusações de abuso sexual de menores. Todas elas ignoradas pelo Vaticano, que não quer hostilizar uma das suas mais bem conseguidas fontes de rendimento. Estas e outras histórias «edificantes» sobre o patrono dos exorcistas podem ser lidas no «Vows of Silence: The Abuse of Power in the Papacy of John Paul II», de Jason Berry e Gerald Renner ou na análise do livro no National Catholic Reporter.
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