quinta-feira, setembro 01, 2005

 

O mercado da fé

As religiões não se conformam em tornar-se uma prática facultativa nem sequer um complemento do quotidiano dos cidadãos, querem ser um modo de vida, o objectivo primordial dos crentes, em suma, um fim a que se hipotequem os clientes.

O clero é composto por propagandistas da fé, hierarquizados, com objectivos traçados e avaliações de resultados. Os parasitas de Deus organizam uma máquina que os tritura a si próprios e esmaga os conversos.

A luta pelo mercado da fé começa nas crianças, fáceis de influenciar, permeáveis ao fanatismo, vítimas do imaginário delirante dos vendedores do Paraíso e das virtudes do seu Deus. Logo nos primeiros dias de vida, levam com um sacramento. As doses de reforço vêm, ao longo da vida, com nomes diferentes, para fidelização dos clientes e consolidação do mercado.

Os ritos assumem enorme importância na estratégia de marketing. São determinantes os usos e costumes sociais, cuja violência inicial se esquece, consolidados pelo argumento da tradição. A censura social, em meios rurais ou suburbanos, é um precioso auxiliar na perpetuação dos ritos religiosos.

As festas e os ritos de momentos especiais contribuem para que a religião e os reféns se mantenham. O baptismo, o crisma, o casamento e o funeral são eventos promocionais, de forte festança os três primeiros e de dorida perda o último. A Igreja aparece sempre, se a deixarem, nos momentos decisivos, para conduzir as cerimónias e afirmar o poder.

A secularização em curso nos países civilizados anda a par com o ostracismo, discriminações e intolerância dos fanáticos contra os que se vão libertando do poder do clero.

Na Beira Alta havia pais que só recebiam em casa os filhos depois de provarem que era canónico o casamento entretanto celebrado e baptizados os filhos dele resultantes. Um casal meu conhecido resistiu vários anos mas as saudades da velha e intransigente mãe levou-o a casar pela igreja e a baptizar a filha entretanto nascida.

A chantagem dos afectos, a mando do padre, e os preconceitos estão na origem das cedências que perpetuam o poder da ICAR e influenciam as estatísticas com que os bispos ameaçam o Estado.




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