segunda-feira, setembro 05, 2005

 

Turquia e Religião - II

Na Turquia, praticamente toda a população é islâmica.

As mesquitas estão por todo o lado (tal como as igrejas por cá), e cinco vezes por dia ouvem-se os sons do chamamento às orações, ouvindo-se também adicionalmente uma «despedida ao Sol» cada vez que este se esconde.

No entanto, analogamente ao que se passa por cá, a frequência das mesquitas às sextas-feiras é de cerca de 20%, e menos do que essa quantidade de pessoas reza nos 5 chamamentos diários. O álcool, que as interpretações mais literalistas do Alcorão consideram tão proibido como o porco, é consumido da mesma forma que cá. Nas zonas mais desenvolvidas e ricas da Turquia a religião, até há bem pouco tempo, não afectava mais a vida das pessoas do que cá.

No entanto, isso está em risco de mudar. Um dos principais partidos da Turquia foi recentemente dividido, e o sistema eleitoral turco, que é pouco favorável aos pequenos partidos, levou a que o «Partido da Justiça e Desenvolvimento», um partido religioso (moderado) chegasse ao poder. Esse partido autorizou algo que antes não se sucedia: grupos religiosos (cujo financiamento se suspeita provir da Arábia Saudita) oferecem bolsas de estudo às raparigas mais pobres, desde que estas usem o lenço à volta da cara conforme estes grupos consideram aceitável. O resultado está à vista: o lenço era apenas usado por senhoras mais idosas, principalmente do campo (aliás de forma similar aquilo que se passa em Portugal), mas é agora também usado por um número significativo de raparigas jovens. Algumas não o usam para receber as referidas bolsas, mas para mostrar apoio ao partido do governo. De uma forma ou de outra, trata-se de uma tendência recente que deixa muitos turcos desconfortáveis com a situação. Ainda assim, tanto quanto vi, a maioria das raparigas jovens não usa lenço.

Alguns turcos identificam esta situação como uma «invasão árabe». Consideram que existe um receio de que a Turquia seja tomada como um «exemplo de sucesso» em que a laicidade pode coexistir com o Islamismo, e que os grupos religiosos islâmicos mais fundamentalistas estão a fazer tudo para que tal não se verifique.




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